Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]
Mesmo atochados em dívidas, com escândalos de corrupção em todas as esferas do governo, inflação acima de 10%, crise moral e ética, juros altos e mais de 11 milhões de desempregados, o povo segue em festa atrás da tocha olímpica como se vivesse no país das maravilhas. Basta o circo e tudo mais se esquece, até de que ainda está recente o processo de impeachment em meio a tantas intrigas e disputas gananciosas pelo poder. >>>>
Por onde passa a chama nos municípios brasileiros com suas economias falidas, sem escolas e saúde decentes para a população, gasta-se mais dinheiro, com o discurso alienante de que o evento é uma honra e de suma importância. As pessoas que a conduzem nos seus cinco minutos de fama (logo são esquecidas) se sentem divinas e iluminadas pelo espírito da luz. No mais tudo é festa e carnaval!
Não há como negar a importância das olimpíadas para a humanidade no sentido da união dos povos e expressão máxima dos esportes. Acontece que o Brasil, por razões políticas e sociais com tantas desigualdades e injustiças, não poderia sediar um evento internacional dessa magnitude que requer grandes volumes de recursos, justamente extraídos de uma casa pobre e desarrumada, sem contar as corrupções que nela existem.
Boa parte dessa caravana de festas é bancada pelo próprio contribuinte através das prefeituras cujos executivos do poder público não se cansam de dizer que não têm mais verbas para manter hospitais, escolas e outros programas sociais. A tocha dos atochados é um atestado de insensatez por onde marcham os inocentes úteis, sem questionar quanto custa seu desfile, recheado de pompas e elogios.
Longe de tanta pobreza e das filas humilhantes de crianças, mulheres grávidas e idosos ávidos por uma vacinação contra a mortal gripe H1N1, a tocha corta as principais avenidas e ruas das cidades arrastando multidões, a maioria de endividados e injustiçados ao longo de suas vidas.
Para receber a “divina” tocha, cada município, em média, gasta entre 50 a 100 mil reais na mobilização das suas ações estruturais, mas isso não é dito por que não existe transparência nas contas públicas. É só indagar quanto a Prefeitura de Vitória da Conquista, Itapetinga, Itambé, Teixeira de Freitas e tantos outros municípios pela Bahia e pelo país gastaram para receber a chama olímpica.
Pode-se até dizer que tudo isso é um monte de demagogia barata, mas, demagogia maior foi do governo que fez questão que o Brasil sediasse uma olimpíada e uma Copa Mundial de Futebol entre tantos problemas prioritários para serem resolvidos.
No entanto, mesmo atochados sem pão, o povo se contenta com o circo e ainda se diz orgulhado com o evento. Haja vaidades! Todos querem pelo menos um minuto de fama para carregar e tocar a tocha dos atochados. Todos querem sair na imagem!