Jeremias Macário: Hoje tem palhaçada, tem sim senhor!

Foto: BLOG DO ANDERSON
Foto: BLOG DO ANDERSON

Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

Todos os dias eles invadem nossas casas e nos dão um chute em nosso estômago. Roubam nossas comidas.  Cospem e esbofeteiam nossas caras. Tratam-nos como gado em boiada e tudo fica por isso mesmo, como se nada tivesse acontecido. Servimos de saco de pancada e cada um aproveita da dar sua porrada. >>>>>

  Sai um ruim e entra outro pior. Enquanto a tocha olímpica faz festa gastando nosso parco dinheirinho, metem a tesoura na já combalida educação e na saúde. A chama é burguesa e cheia de luxo. O povo é o lixo que segue atrás do fogo, dançando, pulando e batendo palmas. Desfila de avião, tirolesa, rapel e em locais de elite nos centros das cidades e nada de periferia em contato com a pobreza.

   No Planalto tem mais trapalhadas no ministério que mais parece um ser mitológico de zumbis saído das cavernas de Sarney, FHC, Lula e Dilma. Nas medidas de arrocho, nada de redução no pagamento dos juros exorbitantes da dívida pública. Tudo pelos banqueiros do sistema financeiro que suga a nação. Todo dia tem mais palhaçada, sim senhor!

   Sabe daquele cara que tenta explicar o inexplicável e termina se enrolando todo em mentiras? É o caso do Romero Jucá, ministro do Planejamento por pouco mais de uma semana, fazendo um esforço danado para traduzir suas falas com o Sérgio Machado, ex-diretor da Transpetro, no sentido de obstruir a Operação Lava Jato e fazer um acordão do “centrão” até com o Supremo Tribunal Federal.

   A isto ele chama de pacto nacional do bem para estancar a sangria. Tudo está bem claro no áudio, mas ele tenta dar sua interpretação como se todos nós fossemos burros idiotas. O que mais aparecem nas conversas desses donos do circo são palavrões por todo lado. O Brasil, a política, o judiciário e todas as instituições são tratados como porras.

   O Jucá, mais um palhaço aloprado, é uma sombra que sempre procurou estar em todos os lugares para se disfarçar das investigações da Justiça. Ao assumir o governo interino, o Michel Temer, ou “Treme-Treme”, teve que engolir este e outros purgantes do conservadorismo, fazendo um retrocesso no tempo. O Eduardo Cunha e outros companheiros da extrema-direita da tropa de choque passaram a ser referência na coalisão.

   Esta casta dos intocáveis está brincando de governar uma nação já destroçada e confabula até com as forças armadas para armar um golpe ao estilo de 1964. Como já disse o poeta, o Brasil é hoje uma charrete que perdeu seu condutor. Toda essa criação deformada que aí está teve um criador que foi tragado pelas criaturas concebidas como instrumentos ou inocentes úteis para formação de um poder permanente.

  Acontece que o criador subestimou as criaturas que já eram cobras criadas desde o passado. Agora destilam seus venenos. Temer, uma das criaturas, foi galgado a chefe dos vampiros para comandar um castelo arruinado pelos cupins e forma uma equipe que prefere proteger os insetos a usar inseticida para acabar de vez com a praga.

  Deixando metáforas e figuras mitológicas de lado, não dá para entender como um governo interino num país que necessita de medidas mais imediatas para resolver os problemas mais urgentes da população opta por fazer uma revisão da revisão da previdência social que só vai ter efeito a médio e longo prazo. É ou não é coisa de vampiro insaciável por mais sangue?

   No lugar de enxugar a máquina do governo e fazer uma reforma política eleitoral séria, os salteadores estão de olho nos cargos comissionados e em mais impostos para manter as regalias, inclusive dos parlamentares que não querem nem ouvir falar em corte de despesas. Pode faltar recurso para o social, mas o Congresso é intocável, sem contingenciamento de verbas.

  Infelizmente, temos que aturar viver, ou sobreviver à duras penas, num país atolado de dívidas que se dá ao luxo de sustentar uma presidente e um presidente da Câmara dos Deputados com todas as mordomias, benesses salariais, verbas extras e uma cara equipe de assessores. É a nau dos insensatos.

  Cá embaixo (não estou falando da elite de políticos, juízes, donos das centrais sindicais, MST, dos bancos e outros do mesmo naipe), comendo o pão que o “diabo amassou”, somos todos escravos (brancos, mulatos ou pretos) açoitados pela chibata dos senhores da Casa Grande. Todos os dias tem palhaçada, sim senhor!


Uma Resposta para “Jeremias Macário: Hoje tem palhaçada, tem sim senhor!”

  1. Joao Alves Barbosa

    Mta inteligência nas palavras, visão profunda.

Os comentários estão fechados.