Jeremias Macário: Pelas sombras do passado

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

Os conservadores de extrema-direita, como Hitler, Mussolini e outros governos tiranos do passado, inclusive na América Latina, sempre se abasteceram das crises e decadências de suas nações para se apoderarem do poder. Hitler se apropriou nos anos 30 do século XX de uma Alemanha destroçada para disseminar suas ideias nacionalistas de soerguimento da pátria. No mundo de hoje estamos vendo estas sombras do passado nos rondar com pregações de xenofobia, ódio e intolerância contra minorias, refugiados da fome, das guerras e perseguições políticas. O que vemos atualmente é o Ocidente se fechando em suas muralhas para outros povos que lá na frente foram objetos de suas explorações e matanças. >>>>>

As elites burguesas do mundo capitalista nunca aceitaram repartir suas riquezas e aí, aliados a outros descontentes do caos social, passaram a acreditar juntos nestes malucos como única opção. A maior decepção advém justamente do fracasso de políticos ideologicamente “socialistas” que prometeram melhoria de vida.

A saída da Inglaterra do Mercado Comum Europeu, ( O Brexit) principalmente por causa dos custos com os imigrantes da África, da Ásia, do Oriente e do seu próprio continente onde está situado, é apenas um exemplo mais recente dessa hecatombe que se desenha através de ideias de “líderes nacionalistas”, não muito diferentes do nazismo e do fascismo.

O candidato a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o ex-prefeito de Londres defensor da saída do seu país do MCE, Boris Johnson, são semelhantes até na aparência física como os “diabos loiros”. A bola da vez agora são os mulçumanos e, tanto um como o outro, odeiam todos aqueles que não são ingleses e norte-americanos.

Desta vez não são os russos que estão chegando, mas os extremistas que já demonstram suas forças e garras em países ocidentais como Áustria, França, Hungria e outras nações europeias. Ironia da história, mas não se esqueçam dos judeus de Israel que há anos encurrala com seus muros os árabes e os palestinos. E assim, o planeta terra vai sendo loteado por muralhas de pedras e arames farpados.

Na maior crise humanitária desde a II Guerra Mundial (1938/45), mais de 65 milhões de pessoas perseguidas se deslocaram de seus países no ano passado, um aumento de 10% em relação a 2014. As muralhas humanas que marcham em terras estranhas e perigosas, clima e tempos adversos, partem de várias partes e têm pressa nos seus passos em suas longas caminhadas.

No entanto, elas se deparam e se desagregam em outras muralhas de concreto feitas pelos governos que preferem cercar suas casas a receber aquela gente faminta e doente para não ter que dividir o pão.

Dos 65 milhões, mais de 40 milhões são forçados a perambular dentro de seus próprios países por motivos religiosos e políticos. Mais de 21 milhões fugiram para outras nações que renegam suas presenças. Milhares morrem nas travessias do Mar Mediterrâneo.

O mais curioso nisso tudo é que os países de renda média ou baixa como Turquia, Líbano, Paquistão e Grécia são os que mais recebem refugiados (86%), a maioria da Síria, do Afeganistão e da Somália. Os ricos preferem empunhar suas ideologias xenófobas.

Para a mídia Ocidental a morte tem hierarquia no espaço e no tempo de exposição. Um morto pelo terrorismo nos EUA vale mais que 100 no Paquistão, no Iraque, na Turquia ou num país africano e asiático. Desde sexta-feira passada quando a Inglaterra saiu do Mercado Comum Europeu os crimes de ódio contra imigrantes aumentaram mais de 57%.

Em 1942, o escritor austríaco que se refugiou no Brasil, revelava em seus escritos o fim da cidadania europeia. Hoje, grandes nações do continente recuam na construção de uma sociedade inclusiva. A exclusão se acentua mais ainda em tempos de crise.

A questão do retrocesso ideológico que ameaça nações mais avançadas que atravessam dificuldades também está contaminando o Brasil com posições retrógradas, a começar pelo conservador Congresso Nacional e sua bancada evangélica de família, pátria e tradição.

Todo ambiente está sendo criado, inclusive com o arregimentamento de jovens sem formação política e cultural personalista, para se impor uma doutrina seletiva que separa os bons dos maus, os que vão para o céu daqueles que já estão condenados ao inferno na concepção deles. Esse trabalho vem sendo feito há muito tempo em entidades religiosas, centros e através de um grande número de partidos de raízes conservadoras.

Os alvos são, principalmente, as pessoas mais vulneráveis e desiludidas pelo fracasso dos governantes e políticos que caíram no total descrédito. O campo é fértil para eles plantarem a semente da “moralidade” embutida com a intolerância.

No Congresso Nacional, nas assembleias estaduais e até nas câmaras municipais de vereadores sempre ouvimos vozes dessas sombras do passado que não diferem muito de líderes internacionais que estão inoculando, exaustivamente e de forma bem dosada, o veneno do extremismo nos mesmos moldes do nazi fascismo.


Uma Resposta para “Jeremias Macário: Pelas sombras do passado”

  1. ISRAEL PEREIRA ANDRADE

    VIVA O BRASIL LIVRE! E CORRUPTOS NA CADEIA!.

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