Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]
Até a nossa maltratada cultura que vive a esmolar por um pedaço de pão para matar sua fome é vítima dos morotós, dos cupins, das bactérias e dos vírus mortais dos corruptores e corrompidos que se vestem de pseudos intelectuais e “promotores da arte”. São eles os verdadeiros “artistas” de ponta no ramo de elaborar projetos burocráticos e bonitinhos com recheios deliciosos de mutretas e maracutaias. >>>>>>
O esquema parece com aquela história do bandido cruel que assalta a cuia do mendigo nas esquinas das ruas, ou do esperto vigarista que troca 10 reais pelos 100 no chapéu do cego. Quem diria! Como se não bastassem a educação, a saúde, a merenda escolar, os remédios, a nossa pobre cultura passou a ser a Boca Livre da vez. Pelas investigações, as fraudes já vêm acontecendo há 15 anos e somam 180 milhões de reais.
A Polícia Federal está no encalço dos bandidos desde 2014 e descobriu que safados bancaram até casamento com recursos da Lei Rouanet, em clube de luxo na cidade de Florianópolis. O evento dos noivos Felipe Amorim e Caroline Monteiro teve como atração principal o cantor sertanejo Leo Rodriguez (ilustre desconhecido) e durou um final de semana.
Na Olimpíada da Corrupção, o superfaturamento, apresentação de notas fiscais falsas e projetos duplicados foram as modalidades mais apreciadas nas conquistas das suas medalhas. Enquanto isso, o escritor, o pintor, o ator e autor de teatro, o cineasta e o compositor musical, além de fazer sua arte, tem que aprender a atolar sua mão na massa da burocracia para formular um projeto, cujo dinheiro nem sempre é liberado.
O Grupo Bellini é o grande mentor e “benfeitor cultural” responsável pelos eventos corporativos, shows com artistas famosos em festas privadas para grandes empresas e livros institucionais. O pobre mortal que escreve um livro usando como tinta seu próprio sangue fica a mendigar por uma publicação que nunca sai.
Muitas empresas envolvidas e 14 pessoas foram presas (logo vão sair pelas portas da frente) e deverão ser indiciadas por associação criminosa, peculato, estelionato, crime contra a ordem tributária, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Fora alguns fachos de luz, vez por outra, há séculos que a nossa cultura vive nas trevas com seus patrimônios materiais e imateriais em ruínas.
Museus, arquivos públicos, bibliotecas, livros e documentos de grandes autores e personalidades, prédios, monumentos e casarões tombados, filarmônicas, orquestras, centros culturais de artes e oficinas, escritos, pontos históricos, expressões populares da cultura como o São João, reisados e outras linguagens artísticas se encontram em estado terminal.