Patrícia França | A TARDE
Depois da derrota para o DEM em Salvador e Feira de Santana, o PT briga para não perder para o PMDB o seu reduto mais antigo no Brasil: Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, única a ter segundo turno nesta eleição e governada desde 1997 por prefeitos petistas. Na disputa, a ser decidida no próximo dia 30, estão o radialista Herzem Gusmão (PMDB), que venceu o primeiro turno com uma ampla vantagem de votos (47,82%) e concorre pela terceira vez à prefeitura, e o deputado estadual Zé Raimundo (PT), ex-vice-prefeito e ex-prefeito duas vezes da cidade que teve apoio de 31,69%. dos eleitores. A briga pelo controle do município do Sudoeste Baiano, com PIB (Produto Interno Bruto ) de mais de R$ 4,5 bilhões e de grande valor simbólico para o PT, está mobilizando lideranças locais e nacionais da oposição e do governo – todos de olho na eleição para governador em 2018. >>>>>
Ancorada numa aliança formada pelo PMDB, PTB, PRB, PPL, PSC, PSDC e PPS, Herzem Gusmão ganhou, neste segundo turno, o apoio do PSDB e do DEM do prefeito de Salvador reeleito ACM Neto.
No domingo passado, assim que foi confirmado sua reeleição em primeiro turno, derrotando a candidata governista Alice Portugal (PCdoB), ACM Neto declarou que o governador Rui Costa PT) foi o maior derrotado destas eleições na Bahia.
O resultado das urnas mostrou que o PT sofreu um encolhimento de 58%, elegendo 39 prefeitos contra 93 em 2012. Já o DEM foi o partido com melhor desempenho, saltou de nove prefeituras em 2012 para 34 em 2016 – um crescimento de 277%.
Fadiga do PT
Embora a campanha já esteja nas ruas, é a partir desta quarta-feira, 12, quando começa o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, que Herzem Gusmão e Zé Raimundo vão testar suas armas para ampliar o arco de apoios e conquistar o voto de mais de 65 mil eleitores – quase 30% dos 230.598 aptos a votar – que se ausentaram do pleito este ano ou votaram nulo ou branco. Nesta segunda etapa da disputa, o tempo de propaganda eleitoral será igual para os dois candidatos (ainda não está definido se 10 ou cinco minutos, às 13 horas e às 20h30).
Herzem, que tem como grande apoiador o ministro da Secretaria de Governo e presidente estadual do PMDB, Geddel Vieira Lima, diz que o tempo dos programas será suficiente para detalhar suas propostas. Ele aposta, ainda, na fadiga do eleitor com a administração petista depois de 20 anos, agravada pela crise política e econômica e os casos de corrupção revelados na Operação Lava Jato. O atual prefeito de Conquista é Guilherme Menezes, que está no seu quarto mandato de prefeito e com quem Gusmão disputou o segundo turno em 2012. “Conquista vem sinalizando o desejo de mudança desde de meados de 2008”, afirma o peemedebista, explicando que a oposição não chegou ao poder naquele ano, quando ainda não havia segundo turno no município, porque se dividiu. Herzem, que no primeiro turno disputou com seis candidatos e teve pouco mais de 2 minutos e 30 segundos, afirma que Conquista tem três “macro necessidades”: água, aeroporto regional e energia limpa competitiva. “O PT prometeu e não fez. Também temos problemas sérios no ensino fundamental e na saúde”, argumenta.
Legado de realizações
O candidato do PT, Zé Raimundo, acredita que pode virar o jogo e tirar partido “desconstruindo” o discurso de um adversário sem experiência administrativa. “É um candidato que só faz criticar e não tem propostas”. O trunfo do petista, que no primeiro turno teve pouco mais de três minutos no horário eleitoral gratuito, é usar o tempo maior de propaganda para defender o legado de políticas públicas implantado no município nas cinco gestões petistas. “Conquista está entre as 15 melhores cidades do Brasil em desenvolvimento econômico, infra-estrutura, saneamento. Temos três cursos de medicina, um hospital materno-infantil de alta complexidade, três universidade públicas. Nestes 20 anos elevamos o PIB em 340%”, lista o candidato. Em outra frente de luta, Zé Raimundo diz que vai trabalhar para ampliar o arco de alianças. Além do reforço do PCdoB e PSB, também buscará lideranças de siglas de centro não simpáticas ao candidato do PMDB. O petista não vê cansaço do eleitor com o seu partido, mas reconhece que a crise impactou alguns projetos no município, como a conclusão do novo aeroporto e as obras da Barragem do Caculé. “Por isso estamos dizemos que Conquista quer mais: mais saúde, educação, mobilidade. O eleitor vai saber julgar e escolher bem o novo prefeito”.