Jorge Maia: Como vai a Beócia?

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jorge Maia | Professor e Advogado | [email protected]

Beócia, 30 de fevereiro de um ano qualquer.

Querido Jorge Maia, há muito tempo que nós não nos falamos e isso me deixou triste. Sempre o tive como uma pessoa amiga. Por um momento fiquei  ressentida com o seu silêncio, o que inicialmente me pareceu indiferença, mas passei a compreender as suas dificuldades em manter a sanidade diante do caos que o seu país está enfrentando. Não ligue para isso. Essa gente dos partidos políticos não tem jeito. Eles sabem enganar o povo. Brigam diante das câmeras, mas, juntos, consomem whiskey e caviar nos bastidores, nos finais de semana, distante dos olhos da população. >|>|>|>

Ainda fico chocada quando ouço algumas pessoas defendendo essa gente dos partidos políticos. Pessoas tornam–se inimigas por conta da defesa, insustentável que fazem de alguns desses personagens. Não fique triste, é só uma crise; tudo isso passará, assim como dias que passam e ninguém sabe para onde vão. Aqui na Beócia estamos acostumados com tudo isso, mas eu continuo apostando no povo.

Sabe? Mudei de opinião, abandonei o meu estado de reclusão. Não posso continuar prisioneira de sentimentos não correspondidos e resolvi viajar. Em outubro estive em Buenos Aires. Meu Deus que cidade adorável! Fui a San Telmo e dancei um tango em plena praça, comi uma paella valenciana no El Imparcial e uma empanada de queijo e cebola na Continental, tudo muito demais!

Passei pela Calle Florida e eu vi alguém parecido com você, cheguei a gritar o seu nome e a pessoa apressou o passo em direção à galeria Pacífico, como se estivesse me evitando, teria sido você? Não acredito. Você não tem razão para fugir de uma pessoa amiga.

Retornei para casa, e ao desembarcar na estação, perguntei à minha amiga Maria Joaquina do Amaral Pereira Góes que fora me buscar, como vai a Beócia? Ela sorriu e respondeu: continua. compreendi.

O retorno para casa é sempre muito bom. A epopeia é o retorno desejado, não é a toa que Ulisses tinha como desejo maior o voltar para casa, para o repouso do guerreiro. Voltei e encontrei a mesma Beócia de cada dia. Penso em viajar novamente, não em dezembro, porque espero encontrar Francis no Natal.

Um abraço, desta doce e suave terra da Beócia e um feliz Natal, Maria Periguete.251216

 


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