Romélia Lessa: É Ano Novo, de novo!

Foto: Divulgação
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Romélia Lessa | Advogada | [email protected]

Conta a história que às vésperas de 11000 a. C. ocorreu a maior crise da humanidade com potencial de extinguir o homem da face da Terra. Àquela época o homem vivia da caça, porém, feita de modo indiscriminado, os animais selvagens iniciaram um processo de escassez, paralelo a isso um pequeno aquecimento global agravou a situação e as presas boas, como os mamutes, eram cada vez mais raras. No entanto, precisavam se alimentar foi então que começou o cultivo de sementes, surgindo a agricultura e com o auxílio da observação e posicionamento das estrelas e a trajetória do sol   descobriram o ciclo dos tempos, as estações do ano. Com isso, nossos ancestrais acreditavam que a vida se renovava a cada ciclo completo, incutindo na cultura humana que a própria vida se renova a cada ano. >|>|>|>|>|>

O Ano Novo começa em datas diferentes para vários povos e para a maioria mundial é o fim de um ciclo, calendário ou de um ano.

O Rosh Hashaná, ano Judaico comemora-se em setembro, um dia dedicado à oração determinado a refletir sobre hábitos descuidados do passado, arrependimento, remoção do fardo e sentimento, um dia para recomeço como uma nova oportunidade.

Para a cultura oriental o ano é regido pelo calendário lunissolar baseado nos movimentos da lua e do sol. O ano Chinês inicia-se em 28 de janeiro, regido pelo galo, com forte ligação a prosperidade, sorte e fortuna. Os Budistas comemoram o Losar – momentos auspiciosos que almejam a purificação espiritual com rituais para reforçar as virtudes.

Ocidentais seguem o calendário Gregoriano, romano, que demarcam o ano civil, começa em 1º de janeiro até 31 de dezembro.

No século XVI a igreja Católica consolidou a comemoração trocando o calendário juliano pelo gregoriano. Ano Civil nada mais é que o período de doze meses ou 365 dias do ano instituída pela lei nº 810/49, no Brasil também corresponde ao exercício financeiro.

O ano de 2016, para nós brasileiros, passou por acontecimentos marcantes em diversos setores: o impeachment da presidente, manifestações populares, olimpíadas, verdadeira celeuma política, queda do avião da Chapecoense, grave grise econômica e tantos outros mais. Todavia, a história se repete e como nossos ancestrais, precisamos recriar meio de sair da crise que assola o país e não permitir que a consciência nos acovarde.

Como na secular obra Divina Comedia, no inferno de Dante, após o abismo, do piche fervente às capas de chumbo douradas, políticos hipócritas descem cada vez mais e aproximam-se de Lúcifer, por certo, comungam de desejo semelhante a maioria dos brasileiros.

Mergulhar no inferno é ter coragem de aceitar toda podridão que estamos submergindo, ir a profundeza, afundar no limo, enxergar a fraude, corrupção e tirania a qual estamos expostos, é se encher de fúria e voltar a superfície disposto a enfrentar a moral rasgada, a honradez afugentada por comportamentos individualistas e vantajosos.

É preciso reconhecer que no Brasil, político não concilia virtude e fortuna. Político é uma pessoa a qual escolhemos, é nosso reflexo, portanto, o momento é de reconhecer nossos vícios, encará-los e refreá-los.

Bravejar que não somos responsáveis não nós dará absolvição e a neutralidade em tempos ruins, apenas nos levará ao lugar mais quente do inferno. É preciso atravessar o pântano interior e ressurgir com desígnio de homens honestos, despir do medo de ficar acuados, busquemos integridade, sensatez, educação sólida e ética não como um consolo, mas como opção.

Permitir que o regresso e a desordem tomem conta de uma nação é voltar a barbárie de outrora. Não permitais que o autoritarismo desvairado subjugue nossa inteligência, dando-nos status de estúpidos e bestiais.

De fato creio que somos energia ligada entre o real e o abstrato dotados de vícios e virtudes, de vontades e aceitação, de escolhas e comodismo, no entanto não está consentida a inércia. É preciso que sejamos audaciosos, ainda que o mundo se volte contra nós. É necessário crer e ir adiante e sempre esperançar por dias melhores, basta de É Ano Novo, de novo!

Romélia Lessa – Advogada especialista em Direito Médico – romelialessaadv1@gmail,com

 

 


Uma Resposta para “Romélia Lessa: É Ano Novo, de novo!”

  1. Georgia

    Disse tudo!!!

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