Há exatos quarenta e hum anos, deixei a tranquilidade da casa paterna. Ficaram para trás, minha doce mãe, meu extremoso pai e um filho posto no mundo, quando ainda nem encerrara minha vida acadêmica. A bordo de Ford, Corcel, primeiro modelo, na cor preta, regalo do velho, assim que o Governador me fez nomeado Delegado de Polícia, por indicação do saudoso Deputado Henrique Brito e referendo de sua esposa, Dona Dorinha, por isto considerada minha madrinha, rasguei a BR 324 e invadindo a 116 cheguei até Vitória da Conquista, me lançando afinal, serra do Marçal abaixo, para aportar no sitio onde abrigaria meu destino desde então. Itapetinga. >>>>>>
Aos vinte e quatro anos incompletos assumi meu primeiro e único emprego. Quis a fortuna fosse Delegado de Polícia, desta forma, um ano depois da primeira assunção comissionada, aprovado no concurso publico passei a ser funcionário de carreira.
Fui acolhido no Genesis do caminho, por profissionais de grande calibre, a exemplo de João Laranjeira, Raimundo Lisboa, Armando Ulm, Américo Fascio, Antonio Medrado, Edgar Medrado, Jurandir Moisés, Nelson Machado, Ivan Solon, José Alfaia, Edvaldo Lins e outros grandes mestres, dos quais omito nomes por mero lapso de memória. Seus exemplos e orientações me fizeram ser o homem de polícia que sou e serei, até quando tiver de mudar deste plano, mas, seguramente, esteja onde estiver carregarei a minha insígnia.
Estive lado a lado de muitos contemporâneos, labutando nos campos de batalha da vida policial e com eles também aprendi demais, empiricamente sendo policia, no diuturno dever de fazer historia, em prol de uma sociedade tão ávida por segurança. Os inolvidáveis Jacinto Alberto, Agenor Bonfim, José Walter Seixas, Joselito Bispo, Davi Bitencourt, Edmilson Nunes, Marcos Edson, Itamir Casal, Ildomar Rodeiro, Julio Lobão, Mauro Moraes, Sergio Malaquias, Altamirando Rodrigues, Wilson Feitosa, Miguel Argeu, André Soares, Helenalvo Meireles, Marcos Ludovico, Aloísio Villas Boas, Jackson Silva, Ângela La Banca, Maria da Purificação, Walquiria Barbosa, Isolda Amorim, Lindaiá Mustafa, Emília Blanco, Antonia Valadares, Marcia Telma, Katia Alves, e Francisco Neto, estes últimos a quem servi, enquanto Secretários de Estado, dentre outros tantos que também não esqueço, embora deixe de menciona-los pelas mesmas falhas anunciadas antes, foram personagens nos quais suportei tantos êxitos, às vezes a mim atribuídos, vitorias que não seriam possíveis concretizar, sem seus concursos.
Assisti o crescimento de muitas grandes autoridades, como Benardino Brito, Gildécio Souza, Nilton Tormes, Artur Galas, Jardel Perez, Marcio Alan, Pietro Magalhães, Marcos Vinicius, Nilton Borba, Adailton Adan, Joelson Reis, Napoleão Fernandes, Odilson Silva, Cleber Andrade, Humberto Matos, Marcos Vinicius, Ilma Paiva, Maria Paula, Fernanda Porfilio, Patrícia Nuno, e hoje posso vê-los, na imponência dos que alcançaram postos elevados, por méritos, figuras que como os que me antecederam e aqueles cujos passos foram dados ao meu lado, mesmo que lhes tenha assistido engatinhar deixam provado, por mais que existam percalços de tantas naturezas, a instituição é imortal, sempre haverá de se renovar e crescer, mesmo porque, aqui estamos os viventes no intuito de alcançar patamares superiores, ao talante de ações positivas e sendo as corporações feitas de homens e mulheres que têm alma perene, seguem a mesma norma.
Todavia, impossível não reconhecer o mais importante produto que fez pavimentado meu caminho, nestes anos todos de vida publica, pelas Graças de Deus. Falo da base desta casa, dos homens que seguram a bandeira da polícia, de seus investigadores, escrivães, enfim dos heróis quase sempre anônimos, responsáveis por manter a chama da corporação permanentemente acesa. Imponderável não lembrar José Moreira Matos, Zé Escrivão, meu primeiro auxiliar, em Itapetinga, com quem aprendi a formalizar procedimentos e a partir daí, Santana, Dartagnan, Josafá, Manelão, Marinho, Denise, Jane, além de outros.
O pensamento viaja ao passado e recordo dos investigadores, Humberto Teixeira, Jurandir, Zacarias, Carlos Batista, Capirunga, Cesár Negrão, rememoro com saudade, meu fiel escudeiro Adilson que partiu e os mais jovens: Irismar, Nino Meireles, Flavio Quirino, Jadilson, Fenando Ribeiro, Roberto Conceição, Cristiano Padilha, Edson Aragão, Jorge Conceição, Aurélio Fraga, Goes, Humberto Freitas, Ibirá, Cauca, Jader, Freitas, Jurandir, Sandro, Rezende, Jurandir Rocha, Pedro Mueller, Renato (macaco), Jesuíno e Everaldo, minha sombra até hoje, da mesma forma com relação aos técnicos Roberto Costa e Silva e Alan Farias.
Com certeza olvidei muitos companheiros, todos donos da mesma importância que os demais, mas desejo sintam como se tivessem sido lembrados, posto, em verdade, no espectro de tantos abnegados, das diversas equipes dos homens de polícia com as quais militei deixei de ser o filho de Gomes e virei Valdir Barbosa conseguindo ocupar o posto mais alto da carreira, Delegado Geral do Estado.
Obviamente não colhi apenas louros, nestas quatro décadas e um ano de atividade publica. Cometi erros, muito embora procurando acertar, vivi equívocos, nem sempre fui exitoso, sofri revezes, porem, isto faz parte da vida, são os altos e baixos aos quais todos os mortais estão sujeitos, desde quando vêm ao mundo, até o instante em que retornam para a eternidade, pois, esta terra é uma campo de provas e expiações. Aqui vimos no sentido de tentar evoluir, na sequência de ações elevadas, destarte e por isto confesso, me sinto vitorioso. Os verdadeiros homens não são aqueles que acertam sempre, são todos aqueles e aquelas que enfrentam decepções de cabeça erguida.
Na pessoa de minha esposa Roberta e de João, meu caçula que há quase vinte anos me aturam, para os quais tantas vezes estive ausente, enquanto cuidava do interesse de indigitadas vitimas, esclarecendo crimes dos quais foram atingidas, regatando reféns com vida de cativeiros, homenageio as demais companheiras que, ao seu tempo, me deram o suporte imprescindível para que fosse guerreiro, assim como a todos os filhos e enteados – Fabio, Gabriela, Adauto, Valdirzinho, Maria Luiza, Rafael e Igor -, muitos dos quais não tive o privilégio de ver crescer, mas que agora estão sempre em torno de mim.
A meu pai, fonte de exemplo capaz de forjar meu caráter e minha dulcíssima mãe que me pôs no mundo, minha deferência sem limites. A meus irmão e amigos, todo agradecimento por qualquer coisa, e foram muitas, feitas em prol da minha realização. A Deus, a gratidão maior.
VDC, 23 de janeiro de 2017
Uma Resposta para “Valdir Barbosa: O tempo voa”
Marcos antonio
Bom profissional