A advogada conquistense Camila Nunes Silveira, de 31 anos, diz ter vivenciado momentos de humilhação em Salvador, onde curte o Carnaval. Em contato com o BLOG DO ANDERSON na manhã deste domingo (26), Camila Nunes disse que teve “um sonho em pedaços: Entrei como foliã e sai como cordeira”. Ela comprou um abadá original, no entanto seguranças do Bloco Cerveja e Cia a retiraram do meio dos foliões por desconfiarem da falsidade no traje. No artigo [Confira: Entrei como foliã e sai como cordeira] e na reportagem gravada via telefone, Camila conta a sua versão que foi registrada na Delegacia de Proteção ao Turista na Capital Baiana. Sobre o assunto o BA entrou em contato com o Bloco Cerveja e Cia através de sua página no Facebook, mas até às 14h05min tinha recebido respostas. Ouça a entrevista no player abaixo desse assunto que virou Caso de Polícia durante a Festa de Momo.
Entrei como foliã e sai como cordeira
Um sonho em pedaços. Outras palavras não poderiam descrever a minha decepção com o sonho de sair em bloco durante o dia no carnaval de Salvador no fatídico dia de hoje, (25.02.2017). Quem me conhece sabe que durante mais da metade dos meus 31 anos sempre deixei claro que sonhava em passar o carnaval em SSA e que fazia questão de sentir o aperto dos blocos, o sol escaldante a alegria contagiante de me sentir una com todos aqueles foliões que partilhariam comigo a felicidade de estar num lugar mágico e especial como é Salvador durante dos dias desta festa. O bloco escolhido foi o Cerveja e Cia com a musa Ivete, que sairia da Barra às 15:45h do sábado de Carnaval. Comprei o abadá às vésperas no mês de janeiro, através do site Folia Bahia pagando pelo mesmo o valor de R$ 668,68 , cujo abadá seria entregue no Shopping Bahia – antigo Iguatemi -, segundo informações do site. Na sexta feira, então, me dirigi até o shopping e depois de me dirigir até os dois balcões de atendimento, soube que pegaria meu abadá no Hotel Fiesta do Itaigara e para lá me dirigi.
Passei por 3 pessoas até pegar o meu abadá, assinei documentos, tirei foto pela webcam da equipe, de maneira a provar a titularidade de quem estava pegando o abadá até finalmente a tão sonhada camisa me ser entregue, através da 3ª e ultima pessoa. Fiz tudo em companhia de Roberto Bonfim, engenheiro da Petrobrás e Soraya Magalhães, Coordenadora do Setor de Quilombolas do Incra, amigos que me acompanharam neste dia.
No momento da saída do bloco estava acompanhada de Claudia, Odontóloga, Michel, Coordenador da Assistência Social de Vitória da Conquista/BA e Thadeu, médico dermatologista da cidade de Salvador, amigos que testemunharam o ocorrido.
Em pouco mais de 40 minutos da saída do bloco, todos nós felizes e radiantes, eu mais feliz ainda por estar realizando um sonho esperado por mais de 15 anos, fui abordada juntamente com Michel para me dirigir até o carro de apoio. Confesso que a educação foi tanta que pensei por um momento que ganharia alguma coisa, mas após o acontecido percebi que a educação era pura dissimulação para que as vítimas não fugissem face a uma abordagem mais rudimentar. Subimos, então, eu e Michel até o carro de apoio quando percebi que lá estava um casal discutindo com o segurança que não queria tirar a camisa do bloco. O casal reagiu e ambos tiveram que tirar suas camisas à força, com base em muita coação e violência moral. O rapaz que era namorado da moça, teve a sua camisa rasgada ainda em seu corpo num ato de tamanha brutalidade.
Percebi, então que eu seria a próxima a ter que devolver a camisa. Não entendi o que estava acontecendo, mas eles me informaram que minha camisa era falsa e por isto tinha que entregar a eles, não poderia ficar no bloco. Dialoguei, disse que tinha comprado pelo site, eles me exigiram nota fiscal – como ia levar nota fiscal pro bloco????- e como não tinha, tive que entregar a camisa e ganhei, para não ficar nua, uma camisa de cordeiro.
Confesso a vocês que nunca passei tanto constrangimento. Não que eu tenha problemas com cordeiro, mas a verdade é que entrei como foliã e sai como cordeira. Não tive como despedir dos amigos e deixei Michel com uma cara de impotência e tristeza ao presenciar o que acabara de acontecer comigo. Sequer sei se ele encontrou com os demais, algo muito difícil num bloco com mais de 2 mil pessoas. Tive que dar tchau para o Bloco Cerveja e Cia, dar tchau para o meu sonho e voltar para casa trajada de uma camisa rocha e um chapéu laranja, este último ganhado como brinde a alguns foliões do bloco. Amanhã estarei registrando ocorrência na Delegacia do Turista de Salvador e acionando as mídias locais, como por exemplo, o Se Liga Bocão. Providencias serão tomadas, porque uma coisa garanto a todos vocês: eles mexeram com a pessoa errada.