Um dos donos da Odebrecht, Emílio Alves Odebrecht, afirmou em delação que o secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia Jaques Wagner, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), o ex-deputado federal João Almeida (PSDB-BA), o deputado federal (PSDB-BA) Jutahy Magalhães e o ex-prefeito de Salvador Mário Kertész (PMDB) procuraram por ele “atualmente” para pedir dinheiro. Emílio Odebrecht disse ter “certeza” de que os políticos ganharam tanto contribuição financeira oficial, como “caixa 2”. Confira a reportagem do G1.
“Era muito usual pedir para a gente ajudar alguém, por exemplo, deputado federal, prefeito”, afirmou Emílio Odebrecht. Sobre Wagner, o executivo disse que “tinha bastante conversa”. Já com Geddel o valor teria sido para a concorrência ao Senado, em 2014. As quantias não foram detalhadas.
Procurado, Mário Kertész afirmou ao G1 que tem “tranquilidade de que não praticou qualquer ilítico, e, tão logo tenha acesso aos autos, fará questão de falar”. O político foi candidato a prefeito em 2012 e não foi eleito. Ele já foi prefeito biônico de Salvador entre os anos de 1979 e 1981. Em 1985, foi eleito para o mesmo cargo.
Geddel Vieira Lima disse que a acusação de propina é “desavergonhada mentira”. Ele disse ainda, que, na Justiça, demonstrará que essa delação é “obra de ficção científica”.
Jaques Wagner também é citado por Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, por ter supostamente recebido um relógio avaliado em US$ 20 mil como presente de aniversário, em 2012.
O secretário Jaques Wagner respondeu que “está tranquilo, trabalhando normalmente para atrair novos investimentos que gerem renda e emprego para os baianos”. Ele defende ainda que as decisões do ministro Edson Fachin “sejam pronta e amplamente divulgadas em sua integralidade para evitar o uso político do que está na imprensa”.
Deputado federal por cinco mandatos consecutivos, entre 1991 e 2011, o baiano João Almeida (PSDB-BA) teria recebido R$ 690 mil em propina para defender interesses da Odebrecht na Câmara Federal, apontam ex-executivos da empresa. O G1 procurou o ex-deputado nesta segunda-feira (17), mas não conseguiu falar com ele porque, segundo informações do partido ao qual pertence, PSDB, estava em deslocamento aéreo nesta tarde.
O deputado federal Jutahy Magalhães Jr disse ao G1, por telefone, que os contatos feitos por ele com a Odebrecht foram apenas para doações formais a campanhas, contabilizadas, e negou que tenha procurado o executivo Emílio Odebrecht para pedir dinheiro.
“Nas três últimas eleições 2006, 2010 e 2014, que eu disputei, com absoluta convicção, eu só tive contato para solicitação de contribuição eleitoral diretamente com Claudio Melo Filho. Antes dessas datas, acho muito difícil que pessoalmente tenha feito alguma solicitação ao senhor Emílio Odebrecth. Quase impossível. Porque eu nunca estive no escritório funcional dele, ou com ele na empresa, nem no meu gabinete. Os encontros que tive com ele foram em aeroporto, foram encontros fortuitos”, declarou Jutahy Magalhães Jr.
O deputado não soube especificar os valores recebidos da Odebrecth para as campanhas citadas. O político também disse que recebeu doações da empreiteira para sua campanha ao governo da Bahia em 1994.