Jorge Maia: Haja coração, ou aja coração?

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Jorge Maia | Professor e Advogado | [email protected]

Eu penso que exigimos demais do nosso coração. São tantos os sufocos que nos atropelam que diante da perplexidade exclamamos: Haja coração! É um grito de desespero, pelas mais diversas razões, para que o coração suporte, seja maior, caiba mais angústia e não sofra, resista ao sofrimento. Em outros momentos, coração inerte em seus sentimentos, indiferente ao romper da vida, pedimos aja, coração!  É um pedido, uma súplica de ânimo, a vontade de ver a vida com outros olhos, na verdade com outro coração. Parece que destinamos a ele a função central de ser responsável por tudo, e na maioria da vezes, não cuidamos do seu funcionamento, exigimos que ele, sozinho, resolva tudo. Leia na íntegra.

Carne vermelha, muita gordura, excesso de álcool, pouca ginástica, muito sedentarismo, mágoas, ódios, paixões por tantas coisas, amores não correspondidos, indiferença, então ocorre o que era esperado: explode coração!

Nos últimos meses fomos surpreendidos com a partida definitiva de tantas pessoas, em nossa cidade, as quais sofreram enfarto fulminante. Pessoas jovens. Fiquei a pensar se não seria certa falta de atenção para com o coração, ou seria a tal fatalidade? Não tenho a resposta, mas precisamos cuidar do coração da mesma forma que cuidamos do nosso carro, quando o levamos periodicamente à oficina. É bom prolongar a vida.

Outro dia, no consultório, o médico perguntou-me: como está o coração? Respondi que estava com o mesmo problema de sempre, ao que ele indagou: Como? Respondi, sempre apaixonado pela vida. Foi a resposta de um homem cordial, mas que não despreza a razão.

Símbolo de tantos mistérios: Coração é terra que ninguém conhece; quem vê cara não vê coração; meu coração, quando te vê…, parece que não tem coração. Fulano é só coração! Tantos valores e ideias a que oferece abrigo, que não é raro sofrer um impacto e levar o seu dono a uma situação difícil, ou fatal.

Na televisão, duas mãos se juntam em forma de coração para expressar amor. Não há poesia ou música romântica que não fale do coração. Gente! É muita coisa para um só encarregado resolver. No mundo moderno estamos espancando o nosso coração a cada momento com tanto estresse, pois nele está a central de amor e ódio do nosso dia a dia.

Há um pais, não sei qual, em que a população tem como órgão das emoções o fígado. Imagino uma jovem apaixonada comentando com uma amiga: quando eu vejo certo rapaz meu fígado acelera. Eu acho que escolhemos bem o nosso símbolo do amor, é mais romântico e esteticamente mais bonito, cheio de sutilezas e segredos, pois Pascal estava certo: o coração tem razões, que a própria razão desconhece. Cuide do seu coração, ele é você. 230417

 

 

 


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