Por todos os cantos da Chapada Diamantina o que se vê, fala e ouve é sobre a Feira Literária de Mucugê que começou na quinta-feira (9) e vai até domingo (13). Um desfile pelas ruas do Centro Histórico com a Filarmônica 23 de Dezembro, regida pelo maestro Dorival Ferreira marcou a abertura do evento. A solenidade de abertura, ocorrida no Centro Cultural contou com a presença dos idealizadores da Fligê, autoridades políticas da região e do município, além de escritores, artistas, professores e, principalmente, da comunidade e visitantes.
Representando o Coletivo Lavra, Lana Sheila abriu a cerimônia declamando o poema “Página Vazia”, de Euclides da Cunha. Ester Figueiredo, curadora da Feira, deu destaque para a importância das artes, “talvez, nesse tempo que vivemos, a arte seja a arma para nos salvar, seja o espaço para cultivar a dignidade humana e a poesia que está presente em cada ser humano. Esse será um momento de nos encontrarmos e de propiciar o encontro com a própria natureza artística que carregamos”.
O deputado federal Waldenor Pereira (PT-BA), um dos apoiadores e idealizadores do evento destacou a importância da valorização da cultura no atual momento vivido pelo País: “A cultura deve ser a nossa arma contra os retrocessos que tomam de golpe o Brasil”. “Mucugê sente-se orgulhosa pelo presente que o Coletivo Lavra deu ao nosso município. Nosso povo é um povo sedento de cultura e a Fligê veio trazer informações e oportunidades, não foi nada mais que nossa obrigação a de abrir os braços para esse projeto, de acolhê-lo. Desejo que a Fligê continue por muitos anos”, declarou o prefeito Cláudio Manoel Luz. Leia na íntegra a reportagem de Assessoria de Comunicação da Fligê.
Em sua fala, o secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, mencionou a quantidade de festas e feiras literárias existentes no estado: Flica, Felisquié, Fligê e, agora, a Flipelô, abarcando seu desejo como secretário em realizar, se fosse possível, eventos dessa natureza nos 417 municípios da Bahia.
Participaram também da abertura o deputado estadual Zé Raimundo, o secretário de Cultura da cidade de Mucugê, Euvaldo Ribeiro, o reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Paulo Roberto Pinto, o diretor administrativo do Instituto Incluso, Geovane Viana e o secretário de Cultura da Bahia, Jorge Portugal.
Na conferência “Entre Sertões e Chapadas: sentidos e metáforas”, o professor doutor Ruy Medeiros fez uma verdadeira aula magna sobre a história do sertanejo retratada por Euclides da Cunha, no romance “Os Sertões”, dando destaque para a multiplicidade de foco de narrativas e o interesse que o tema desperta em torno da tríade terra-homem-luta.
Ainda prestigiaram a noite de estreia o cineasta e artista plástico Chico Liberato, a cineasta Alba Liberato, a atriz Ingra Lyberato, os autores Sérgio São Bernardo, Lilian Menenguci, Zé Walter, Zack Magiezi e o vereador de Belo Horizonte, Arnaldo Godoy.
O Concerto Lítero Musical “Dos Sertões e outras Terras”, apresentado pelo solista Elton Becker, violonista Petrônio Joabe e o maestro João Omar, do Projeto Música e Literatura, encantou o público com canções de Villa Lobos, Elomar Figueira Mello, Luiz Gonzaga e Tom Jobim.
O encerramento do primeiro dia da Fligê aconteceu no anexo do Centro Cultural com a abertura da exposição “Canudos: A Terceira Margem”, assinada por Vinícius Gil Purki e Silvio Jessé. A terra, o homem e a luta retratados por Euclides da Cunha em “Os Sertões” foram transportados pela Feira Literária de Mucugê, na Chapada Diamantina. A cidade emblemática e a sangrenta guerra estão compondo o cenário da Fligê, que este ano tem como tema “Somos paisagens dos sertões em rotas de composições”.
A Fligê é uma realização do Coletivo Lavra em parceria com a Prefeitura Municipal de Mucugê e o Instituto Incluso, com apoio financeiro do Ministério da Cultura (MinC), do Governo do Estado da Bahia – Terra-Mãe do Brasil e das Secretaria de Cultura (Secult) e Fazenda (Sefaz).