Protesto em Vitória da Conquista: carta aberta sobre o fechamento do Colégio Estadual Nilton Gonçalves

Fotos: Divulgação

A comunidade escolar do Colégio Estadual Nilton Gonçalves, as comunidades do Ibirapuera, Bruno Bacelar, Nenzinha Santos, Alvorada, Nossa Senhora Aparecida e a Associação de Moradores do Bruno Bacelar, em Vitória da Conquista, declaram publicamente, com pesar e muita tristeza, o lamentável fato do fechamento de uma escola que serve a estas comunidades há mais de 17 anos. Reconhecemos que não há nada de estranho na forma como o governador Rui Costa, por meio de sua Secretaria de Educação do Estado da Bahia, está conduzindo o fechamento do Colégio Estadual Nilton Gonçalves. Este mantém o mesmo tratamento dado historicamente as populações menos favorecidas pelo Estado. Não precisa dialogar, não precisa respeitar e ouvir suas demandas. Esta sempre foi a regra.

A exceção é o contrário, são momentos raros. Trata-se de escola de periferia, devem estar pensando. Os alunos e pais se viram para conseguirem acesso a outras escolas. Aliás, o discurso em nota afirmando que está garantido o acesso dos estudantes a outros estabelecimentos de ensino é vago, frio e protocolar. É a mesma lógica de quem fecha uma escola numa cidade pequena do interior e diz que está assegurado o acesso a outra no município vizinho a quilômetros de distância. Não importa como chegarão, com que esforços, com que sacrifícios. Mas o direito está garantido. Não importa se a escola atende a uma comunidade de mais de 15 mil pessoas. Leia a íntegra do manifesto.

 

Não importa se quase 800 alunos estão matriculados e perderão os laços de pertencimento com o lugar que estudam. Não importa se os alunos do turno noturno terão que vencer o medo da violência e o cansaço do dia de trabalho para retornarem para suas casas numa distância ainda maior. Não importa que nossa educação brasileira seja frágil, marcada por números de evasão enormes e que, criar mais dificuldades, só eleva estes números. Não importa se entre essas comunidades estão famílias que precisam de ensino mais acessível porque as condições socioeconômicas são frágeis. Se entre essas comunidades existem parcelas significativas de sua juventude convivendo com a vulnerabilidade criada pela presença do tráfico de drogas ou com a violência urbana que, lamentavelmente, separa jovens de bairros que se enxergam em oposição e conflito. Nada disso importa. Importa mesmo a lógica fria onde só os números fazem sentido. As pessoas são meros detalhes.

Vitória da Conquista, novembro de 2017, Bahia.


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