Jeremias Macário: A volta dos inimigos da nação

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

Os inimigos íntimos da democracia, aqueles que ocupam altos cargos da República, acomunados com os políticos corruptos que violam os princípios éticos públicos e vilipendiam nosso patrimônio, nunca dão trégua, enquanto as massas serviçais bestializadas a tudo assistem caladas, sem indignação, na esperança de dias melhores. Engana-se, redondamente, quem pensa que estes cabras do mal, muitos dos quais assassinos de milhões de pessoas necessitadas, quando roubam e negam os direitos à educação, à saúde e à ascensão social com segurança, não vão mais retornar nas próximas eleições de 2018. Leia a íntegra.

Todos eles, os mais sujos e enlameados nas maracutaias, os conluiados que fazem parte do grupo do chefe-mor que comanda o massacre contra o povo e torra os bens públicos por preços de banana para sustentar suas mordomias, vão voltar sim, porque sabem que o sistema eleitoral é altamente viciado e sabem muito bem como ir às compras no frágil mercado dos votos.

Engana-se quem acha que os Renans, os Jucas, os Collors, os Jarbas, Nogueiras, Aécios, os Maruns da vida, suas turmas e seus filhotes capachos, os gananciosos pelo poder e os que votaram pela absolvição do mordomo de Drácula, não vão mais voltar no próximo pleito.

A grande maioria dos votantes, infelizmente, ainda é inculta, sem consciência política que se deixa levar por favores e discursos ilusórios, sem contar os seguidores fanáticos do conservadorismo elitista, dos populistas assistencialistas e os lobos travestidos de cordeiros. Além do retorno da corja safada, outros farejam nossa casa como cães ferozes aventureiros e “salvadores da pátria”.

Não se enganem que diante dos discursos raivosos e intermináveis entre militâncias fanáticas de movimentos cunhados de esquerda e direita que têm cada vez mais disseminado ódio e separação, ao invés de união por uma só causa, os inimigos íntimos da democracia que materializam a corrupção bilionária aproveitam para ganhar mais espaço para o retorno através do bombardeamento das investigações da Operação Lava Jato.

Essa patrulha horrível dos imbecis do politicamente correto, o linchamento contra a liberdade de pensar, o discurso radical dos movimentos negros e de outros até religiosos que dividem a sociedade e se fecham em si, dão sim, mais chances de ação para os inimigos da democracia. Na história, os que mais sofrem com a falta de prioridade na educação e programas sociais são todos os pobres em geral, incluindo aí os negros, pardos, brancos, gays e outras minorias.
Os brasileiros estão muito mais preocupados em condenar aqueles que chamam os deficientes visuais e auditivos de cegos e surdos do que com os artífices da corrupção, do fisiologismo, do toma lá, dá cá e dos que estão cortando as poucas conquistas sociais com medidas elitistas e retrógradas. Beira ao absurdo que nesta moral hipócrita, ninguém importa quando os velhos, ou idosos, são xingados de safados e decrépitos nas redes sociais.

Só a educação para todos, sem distinção de cor e credo, que conscientize o valor que cada um tem no processo de mudanças da sociedade, salva e pode afastar os inimigos corruptos do nosso convívio. Essa briga odiosa e isolada só serve para eles ganharem mais campo no calendário das maldades.

Como se diz no ditado popular, estamos batendo prego em barra de sabão. Gostaria de saber, por exemplo, o que é mesmo essa consciência negra? È só a folclorização festiva da data com trios elétricos, baterias de blocos afros e muitos negros e negras em passeatas nas ruas? É só o discurso condenatório contra os brancos em geral como culpados pela escravidão, sem diferenciar a elite racista? No momento, a desgraça dos nossos inimigos comuns afeta a todos.

Em seu livro “Os Inimigos íntimos da Democracia”, Tezvetan Todorov fala das ameaças das forças poderosas que praticam atrocidades contra as quais todos precisam combatê-las. Os inimigos estão sempre se movimentando, não dormem e conhecem muito bem nossos passos, principalmente nas divisões sociais. Quanto mais ódio e intolerância, mais terreno fértil para os inimigos propagarem suas ideias autoritárias.

Será que não percebemos que estão nos ferrando, colocando nosso futuro em perigo, enquanto demonização o outro ao lado, destilando toda raiva? Quem é, afinal, o maior demônio que está ameaçando a nossa democracia? Se eles, os inimigos, não tivessem certeza que vão voltar novamente a ser eleitos, não fariam o que estão fazendo com o tão massacrado povo. Ilusão quem acha que as eleições vão dar o troco neles!


Os comentários estão fechados.