Jorge Maia: O Natal triste da Beócia

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jorge Maia | Professor e Advogado | [email protected]

Beócia, 30 de fevereiro de um ano qualquer

Querido Jorge Maia, não compreendo o seu desligamento da Beócia, parece-me que tornou-se indiferente à nossa amizade. Nunca mais escreveu sobre a nossa terra. Aqui tudo são trevas, até o natal será menos iluminado, é o que penso. Estamos vivendo um momento que não sabemos qual é o pior: a permanência ou a saída, mas parece que não há saída. Leia a íntegra.

Pensei em iniciar a minha carta desejando um feliz natal em Norueguês, mas confesso o meu desânimo, não funcionou comigo o velho ditado de que a esperança é a última que morre, mas é a primeira que ressuscita. Perdi o meu tempo e o meu investimento em estudar Norueguês, que não serve para nada aqui na Beócia.

Estou acompanhando as notícias da sua terra por meio da internet. Leio sempre o Blog do Anderson e outros tantos e fiquei surpreso com a notícia da criação de cursos de mestrado e doutorado à distância no ensino privado, contudo, o silêncio das instituições foi o mais surpreendente, tenho a impressão que quase ninguém percebeu. Podemos atribuir a culpa ao capital privado, sedento de lucro, ou a incapacidade da CAPES em dinamizar processos em favor da Universidade pública? Este vai ser um problema que vocês terão que digerir e sem sacrificar o pouco que resta de bom no ensino público.

A Beócia está em plena era glacial das ideias.  Um iceberg tomou conta da nossa vida e parece que não ocorre mais sinapses. Ficamos à mercê do nosso sistema límbico e sem nenhum controle do córtex frontal, deixamos que os sentimentos ruins tomassem conta da nossa vida e estamos sem controle em direção a não sei onde.

Sabe! Não queria retornar a este assunto, mas sabe dizer se Francis vem passar o natal em sua cidade? Não é que eu me preocupe com isso, mas gostaria de ter uma conversa com ele, afinal, não podemos jogar fora uma fase boa da existência. Não sei como ele reagiria a um convite para uma conversa, fico na dúvida em se tratando de um povo tão cordial. Aliás me assusta a cordialidade exagerada e sempre que penso em seu povo eu me lembro dos verso de Raimundo Correia em “Mal secreto”: “Se se pudesse o espírito que chora, ver através da máscara da face, quanta gente, que talvez, inveja agora nos causa, então piedade nos causasse…”.

Desculpe-me pelo desabafo, é que sempre espero contar contigo. Um Feliz Natal e grande abraço, destas terras doces e suaves da Beócia. Maria Periguete. 171217.

 


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