Eduardo Moraes | [email protected]
Todos sabemos dos benefícios da prática diária de qualquer modalidade esportiva para a saúde, equilíbrio do corpo e mente. Mesmo assim, muitos de nós insistimos em não nos mexermos. Há explicações diversas para a origem dos esportes. Alguns historiadores asseguram que as primeiras manifestações esportivas aconteceram na Grécia Antiga, enquanto outros acreditam que, antes que o esporte se tornasse uma atividade comum, os guerreiros divertiam-se com a cabeça de um dos vencidos na guerra, esse hábito rude evoluiu para as práticas esportivas. Leia a íntegra.
Mesmo tendo a consciência da necessidade da prática esportiva diária e não esporádica, já faz bastante tempo que, envolvido com tantas outras responsabilidades, ainda não havia encontrado um tempo para disciplinar essa saudável e super indicada tentação de bem-estar. Um dia desse início de ano pela manhã, resolvi sair da inércia, deixar o automóvel na garagem e fazer o percurso Vila Serrana I até a Praça Tancredo Neves, caminhando pelas Ruas: Embaixador, Sérgio Vieira de Melo, Avenida Pará, Av. Integração, Rua Santa Helena e Lisboa. Confesso que senti na pele o que é ser pedestre e o porquê dos mesmos preferirem andar no leito da rua, correndo riscos de morte na disputa com automóveis, caminhões, tratores, motos, bicicletas, etc., do que caminhar pelas calçadas mal conservadas( sabemos que a conservação da calçada é responsabilidade do proprietário do imóvel), sem sinalização, muitas com elevadas rampas de acesso para os automóveis às garagens, algumas ocupadas por lixeiras, lixo, mesas de bar, forno de assar frango, tapumes, oficinas de conserto para automóveis, motos, bicicletas, borracharias, fábricas de moveis ,Pet shops, postes de iluminação, suporte de placas de comércio e trânsito; transformando em barreiras quase intransponíveis. Não falo aqui dos portadores de necessidades especiais. Nesse percurso de 0,50 minutos, senti-me como se estivesse em um treinamento para uma corrida de obstáculos. Essa inacessibilidade ao indivíduo pedestre é comum em toda a cidade, tornando a sua vida uma verdadeira aventura. Daí a necessidade de um planejamento no curto, médio e longo prazos para colocar a cidade como organismo vivo a ser desfrutada pela população, com calçadas adequadas, ampliação de ciclo faixas e ciclo vias e outros arranjos que assegurem uma melhor acessibilidade ao pedestre.
A Lei Federal 12.587/2012 – Política Nacional de Mobilidade Urbana, estabelece em seu Artigo 1º que “A Política Nacional de Mobilidade Urbana é instrumento da política de desenvolvimento urbano de que tratam o inciso XX do art. 21 e o art. 182 da Constituição Federal, objetivando a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município”. Porém, nos 28 artigos dispostos na referida Lei, não há uma única referência aos pedestres. A Lei fala da universalização de acesso aos meios de transporte, mas não estabelece uma única diretriz para garantir a universalização do acesso, segurança e conforto de quem anda a pé. Da mesma forma, o Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/2001), também não faz qualquer menção aos pedestres. Nesta década, o termo mobilidade urbana transformou-se em sinônimo de meios de transporte, trânsito de veículos, tráfego, congestionamentos e estacionamentos. O tema, porém, não se restringe apenas à movimentação de carros, caminhões, ônibus, motos ou bicicletas. Parece que todos, inclusive à Câmara Municipal de Vereadores, se esqueceram que acima de tudo somos todos vulneráveis e indefessos pedestres. Conforme preceitua a Lei Nacional, na apresentação da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, no site da prefeitura de Vitória da Conquista, reafirma o mesmo princípio, corroborando com a Lei Nacional, sem qualquer menção ao pedestre. Eduardo José Daros, presidente da Associação Brasileira de Pedestres (Abraspe) comenta que:
“As políticas urbanas estão transformando as cidades em armadilhas. Em um mundo altamente tecnológico, estamos na Idade Média na garantia da acessibilidade. No Brasil, o pedestre é cidadão de segunda classe. ”
Corroborando com o pensamento do Eduardo Daros, os munícipes esperam que o atual gestor e a sua equipe tenham como pilar prioritário para os próximos anos, além dos vetores que contribuam para o desenvolvimento econômico, intervenções que contribuam para a concretização de ações voltadas à segurança, conforto, movimento, proteção e liberdade ao pedestre.
Eduardo Moraes
Historiador, Contador, Especialista em Gestão Pública