Justiça determinou, nesta sexta-feira (26), a interdição parcial do Conjunto Penal de Jequié, no Sudoeste Baiano, por conta de superlotação. A unidade possui, atualmente, 702 detentos, mas tem capacidade para suportar apenas 392 presos. A decisão da Justiça acolheu o pedido feito pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) e foi assinada pelo juiz da Vara de Execução Penal da Comarca de Jequié, Valnei Mota Alves de Souza. Na decisão, o juiz ainda proíbe o ingresso de qualquer preso provisório enquanto permanecer a situação de presos em quantidade superior à capacidade do local. Leia a íntegra da reportagem do G1.
Caso a decisão não seja cumprida, ou os prazos estabelecidos não sejam observados, ficou decidido pelo juiz, desde já, a interdição total do Conjunto Penal de Jequié, de modo a proibir o ingresso de qualquer preso, seja provisório ou definitivo, até o cumprimento da ordem.
Com relação à separação dos presos de acordo com o regime, o juiz determinou que seja providenciada a devida divisão, com a indicação de local pertinente dentro do Conjunto Penal, no prazo improrrogável de 120 dias.
No mesmo prazo, deverá ser realizada aquisição de tornozeleiras eletrônicas, que permitam o cumprimento de pena fora do estabelecimento prisional, diminuindo a ocupação das unidades no Estado.
A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), responsável pela unidade prisional, informou que pretende cumprir a decisão judicial assim que for notificada do ato.
Disse que a pasta tem se destacado no cenário nacional com a construção de 4.459 novas vagas nos últimos 3 anos e, agora, busca recursos para recuperar as unidades mais antigas, como a de Jequié.
Com o advento da operacionalização do novo Conjunto Penal de Vitória da Conquista, segundo a Seap, o fluxo de vários presos que antes ficavam em Jequié (que já teve mais de 1000 presos), desde 2017, foi direcionado para a cidade vizinha, o que, segundo o órgão, possibilitou á redução da população carcerária de quase 30%.
A Seap divulgou, ainda, que acredita que, ao iniciar a operacionalização da nova unidade em Brumado, que terá 533 novas vagas, deverá reduzir ainda mais o excedente de presos que existe em algumas unidades. O órgão não informoui quando vai ocorrer o início da operacionalização da uinidade de Brumado.
Ação
O defensor público e autor da ação, Leonardo Couto Salles, em visita ao Conjunto Penal identificou superlotação carcerária; inexistência de separação entre presos condenados e provisórios, em regime semiaberto e fechado, bem como por idade; falta de médico; falta de medicamentos e material de higiene pessoal; presença de baratas e escorpiões nos pátios e nas celas, devido à falta de dedetização, entre outras violações à LEP.
Mutirão carcerário
Para analisar a situação processual dos presos provisórios custodiados no Conjunto Penal de Jequié, a Defensoria informou que realizou mutirão carcerário nos dias 15 a 19 de janeiro. A ação foi promovida após a verificação do alto número de pessoas que se encontram presas sem uma sentença condenatória.
Do total de presos atualmente na unidade, mais da metade (390) são presos provisórios, ou seja, aguardam julgamento.
Durante o mutirão, 320 processos foram analisados, 48 atendimentos presenciais foram realizados e 35 medidas foram tomadas, dentre as quais: pedidos de relaxamento de prisão preventiva por excesso de prazo; pedidos de dispensa do pagamento de fiança; impetração de habeas corpus e diligências junto a Varas de outras comarcas. Foram também colhidos elementos para subsidiar outros requerimentos a serem feitos oportunamente, segundo o órgão.