Alexandre Damião
Hoje, o céu está mais iluminado porque uma estrela surgiu. Tereza Maria de Jesus, carinhosamente apelidada de Teca ou Tetê, encerrou seu ciclo nesta terra. Enquanto permaneceu conosco, soube plantar amor, compreensão e muita bondade. Pra mim, Mainha ou Minha Pretinha, para os meus primos, ela era a Tia Tereza. Sempre feliz, sempre disposta a ajudar sem ver a quem. Essa era a minha mãe. Mainha, uma mulher preta, forte que soube como ninguém cuidar das pessoas. Vamos combinar que, as vezes, ela cuidava mais das pessoas do que dela mesma, mas isso não é um defeito, pensando bem era uma qualidade. Ela tinha prazer em poder colaborar de alguma forma.
Minha pretinha, aprendeu desde cedo a trabalhar para poder dar o máximo de conforto para a sua mãe e para mim. Nasceu no povoado de São Joaquim e ainda criança, com 10 anos de idade, partiu, rumo a Vitória da Conquista com toda a família, em busca de melhoria de vida. Com 11 anos, foi trabalhar em casa de família. Fico a imaginar o quanto Minha Pretinha não sofreu, o quanto minha avó não sofreu. Corajosa, partiu outra vez e, agora, para o Rio de Janeiro e lá permaneceu por 19 anos, sempre trabalhando como doméstica e foi lá que eu nasci. Quando percebeu que estava tendo dificuldades para me criar sozinha e tendo que trabalhar, tomou a decisão de voltar para Conquista e ficar do lado da família que desde sempre lhe deu apoio. Não tinha descanso. >>>>>
Mesmo de férias, aproveitava o tempo livre para ir catar café, em Barra do Choça ou trabalhar de temporada em casa de praia. Era um sofrimento pra mim porque queria estar do lado dela o tempo todo. Coisa de criança. Nos lugares por onde trabalhou, permaneceu por anos e nem sempre foi valorizada como deveria ser. Outro dia conversando com ela, me disse que não guardava raiva ou rancor por isso. Se aposentou e mesmo assim, não parou. Mainha adorava ir para igreja, devota de Nossa Senhora, nunca perdia um evento da igreja, sempre queria estar nas viagens da igreja por esse Brasil a fora. Hoje, Mainha se despede de nós, mas acredito que ela não quer ver ninguém triste. Creio que ela quer que lembre dela sempre alegre, sempre sorridente. Tristeza não combina com minha mãe. Então vamos agradecer a Deus por ter nos dado a honra de ter convivido com com essa mulher extraordinária. Uma mulher que considero um ser especial, um ser de luz.