Joilson Berguer: O salto em movimento

Foto: BLOG DO ANDERSON

Joilson Lima de Jesus | professor | [email protected]

Vitória da Conquista, sexta-feira, 29 de Junho, d.C. 20 horas e 10 minutos aproximadamente, dia dedicado a São Pedro, no Candomblé Xangô, Senhor da justiça, do trovão e da pedreira. Por falar em Senhor de Justiça, a linha era Vila Serrana indo para o Vila América passando pelo atacadão. Entrei no ônibus na Urbis V, indo pela avenida Brumado, Frei Benjamim, passando ao lado do aeroporto, passa em parte do Kadija, e nas proximidades do Hospital Esaú Matos, e também ao lado do colégio CPM, finalmente, chegando a rodovia BR-116, para enfim, chegar ao ponto onde desço, nas proximidades dos vários Motéis, para ir a minha casa. >>>>>

Com esse preâmbulo a quem deveria responsabilizar (?) por permitir que essa Empresa Vitória, a que tem os ônibus amarelos… vencedora duma licitação pública para prestar serviços de transporte coletivo honesto e decente a nós usuários, mas que tem aviltado essa cidade de aproximadamente 400 mil gentes. Não conheço dos problemas financeiros dessa empresa, caso haja, mas vivo diariamente a desfaçatez dessa empresa no quesito transporte público. Pois bem, eu estava nessa viagem quando esse ônibus nas proximidades do Kadija deu xabu, ou seja, deu pane. O ônibus simplesmente apagou literalmente…após uns cinco minutos o senhor motorista que não sei o nome conseguiu fazer com que o ônibus amarelo voltasse a funcionar, indo bem devagar, devagar, devagar, e pasmem amigos leitores o ônibus simplesmente não podia parar senão não funcionava, pararia de novo ou seja ao passageiro quando chegava ao seu ponto não tinha uma alternativa, aliás tinha, saltar com o ônibus em movimento, ainda que devagar, para de novo não apagar novamente. Como não sei nada de mecânica de ônibus, a olho nu prevejo ter tido algum problema em sua mecânica. Será que nem a manutenção desses ônibus tem havido? Pergunto: a culpa é de quem? Dos dois ex-prefeitos e seus secretários? Dos roqueiros e regueiros? Dos escritores e teatrólogos? Dos Trabalhadores técnicos administrativos da Uesb? Da OAB? Dos trabalhadores domésticos? Dos rodoviários e de seu sindicato? Dos movimentos sociais dessa cidade? Dos Garis e professores? Da população de Vitória da Conquista que acreditou numa narrativa de mudança, que, é nítida ou não apareceu ou então essa cidade afinal anda linda igual a Londres? Seria a culpa de Vossas Excelências, os Vereadores? Da imprensa dessa terra? E o ministério público de que lado está?  Sinceramente, a impressão que se tem é que essa cidade, os trabalhadores, estudantes, cadeirantes, jovens e idosos e demais usuários desse tipo de transporte não tem mais a quem apelar, ou então, vive-se um faz de conta que nos parece muito mais com o Éden e o paraíso sem fim. Aliás, será que eu preciso desenhar os problemas dessa cidade para além do transporte coletivo? Uma provocação apenas: os que se dizem entes-públicos nessa cidade aceitaria o convite para em algum dia da cidade deixar seus veículos de lado, para andar nos ônibus amarelos porquê de Van não vale por não serem legalizados. Tenho escutado muito bla bla bla de supostos entendidos de transporte coletivo em vitória da Conquista, a esses estendo o convite e venha ou vá de ônibus, experimente passar nesse terminal Lauro de Freitas estrangulado como se fossemos gentes de espécie aviltante, imundo, com assentos carcomidos, enferrujados, despencando nas pessoas… gente isso é muito sério, governar é para poucos. Nos parece que entre o sonho vivido ao lado de um microfone e a realidade dessa cidade que se acostumou a ser grande em vários aspectos sociais, econômicos, cultural, e estrutural, principalmente, exige-se pessoas qualificadas, testadas, de visão ampliada, grande, sem a preocupação latente calcada no passado recente. Os dois últimos prefeitos que governaram essa cidade deixou legados, a fez grande e a cidade reconhece isso. A narrativa da mudança veio com uma expectativa muito voraz…falo como usuário de transporte coletivo, e ainda que eu não usasse esse tipo de serviço estou na qualidade de cidadão cobrando que se tenha respeito com essa cidade. Me sinto envergonhado ao ver pessoas nessa cidade liderando campanhas de cestas básicas ou coisa parecidas para dar a trabalhador de transporte coletivo comida…esse trabalhador não quer cesta básica quer é seu salário fruto de labor e responsabilidade… de fato não vejo demérito algum nessa ou naquela campanha de ajuda a pessoas, mas achava-se que não viveríamos mais essa situação deletéria numa cidade até ontem modelo para o mundo…que fique claro – Vitória da Conquista leva em seu nome a estratégia da captura de gentes e já não suporta mais a narrativa de que estamos no rumo certo, não, não estamos…essa cidade está inquieta com o tempo passando e com ele o norte precisa ser dado… quem se habilita? Ah, para não esquecer, o Salto em Movimento narrado aqui me fez abstraí o seguinte: e se fosse um Salto para a morte? Algo precisa ser feito….

Joilson Bergher, professor de Filosofia e História, e Usuário de Transporte coletivo legalizado em Vitória da Conquista, Bahia.

 

 

 

 


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