O vendedor Rafael Yanovich Sadite, 37 anos, foi condenado a 11 anos de prisão. Além disso, terá que pagar o equivalente a 14 dias-multa. A sentença foi proferida em julgamento nesta terça-feira (28), quando também foi decretada a prisão preventiva dele. Rafael é acusado das mortes da jornalista Alessandra Tibau Trino Oliveira, 33, e da filha dela, Júlia, de 1 ano, devido a acidente ocorrido na DF-079, via de acesso a Águas Claras, em 11 de maio de 2014. Em sua exposição, o promotor Rafael Gustavo Reiner disse que o réu era um “destruidor de sonhos”.
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Alessandra e a filha perderam a vida no Dia das Mães, quando voltavam de uma confraternização em família no Park Way. Rafael Sadite estava embriagado quando bateu no carro em que as vítimas estavam.
Durante o júri, ele admitiu que havia bebido antes de dirigir. “Fui a uma festa em Arniqueiras e fiquei com meu primo e amigos. Só tinha vinho e, no final, tomei uma taça”, disse. Questionado sobre o índice de álcool (0,5mg por litro de ar expelido pelos pulmões) apontado pelo exame de bafômetro realizado cinco horas após o acidente, o réu não soube explicar o motivo. Afirmou que não poderia ter ingerido bebidas alcoólicas. “Estava tomando antibióticos e medicamento para emagrecer. Só tomei a taça de vinho mesmo e porque meu primo insistiu”, afirmou. Leia a reportagem do Metrópoles.
Ele ainda negou que estava trafegando a 130km/h em uma via de 60km/h, conforme constatado por perícia da Polícia Civil. “É impossível desenvolver essa velocidade lá. Estava acima, mas a 70 km/h, talvez 80km/h”, destacou em seu depoimento.
Emocionado, disse estar arrependido. “Não queria ter causado nada disso. Foi uma fatalidade e peço desculpas para todo mundo”, finalizou, chorando.
Ocorrências antigas
Rafael Yanovich Sadite negou também envolvimento em episódios antigos que levaram à cassação de sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). No dia 4 de setembro de 2008, ele foi preso em flagrante pelo crime de embriaguez ao volante, em Anápolis (GO).
Naquela ocasião, desobedeceu a uma ordem de parada de policiais rodoviários federais e fugiu em alta velocidade por cerca de quatro quilômetros até ser alcançado. Por esse motivo, em outubro de 2010, foi aplicada a ele a sanção de suspensão do direito de dirigir pelo prazo de 1 ano.
“Assumi a culpa pelo meu primo. Ele furou o bloqueio porque estava com mandado de prisão em aberto e, para não prejudicar ele, acabei assumindo”, assinalou, no Tribunal do Júri de Águas Claras. Rafael chegou a ser preso, mas a Justiça o liberou após pagamento de fiança de R$ 30 mil.
Em 15 de outubro de 2008, em Alexânia (GO), ele foi flagrado disputando racha, segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O suspeito classificou o episódio como “um engano”. “Vinha para Brasília, fizemos uma ultrapassagem e uma pessoa nos viu, interpretou errado e comunicou [isso] à polícia. Não teve racha”, afirmou.
A promotoria se recusou a tratar o episódio como um acidente, em vez disso encarando o ocorrido como um crime, e classificou Rafael como um “aniquilador de sonhos, capaz de tirar a alegria do que seria o primeiro Dia das Mães daquela família”.
Rafael Gustavo Reiner pediu pena máxima e denunciou o homem por cinco crimes: dois homicídios em dolo eventual; duas lesões corporais; e por dirigir embriagado.
A defesa argumentou que Rafael Sadite é “vítima do sensacionalismo exacerbado da mídia, que exagerou na narração dos fatos”. “Rafael é um trabalhador, pai de família e merece uma segunda chance. O episódio foi uma fatalidade”, reforçou a advogada Dayana Almeida Fraga Sampaio.
O pai de Gabriel Faria de Oliveira, marido de Alessandra e genitor de Júlia, falou sobre a tragédia. Disse que, após o acidente, o filho está agora começando a refazer a vida. “Gabriel é forte, meu herói, um guerreiro. Saiu sem sequelas físicas, mas com sequelas de alma irreparáveis que ficarão para sempre”, declarou Paulo César Oliveira, 67 anos.
Gabriel conduzia o carro onde estavam a esposa e a filha, e foi surpreendido pelo veículo de Rafael em um cruzamento. “O mais importante de hoje é que o caso sirva de reflexão para que outras vidas não sejam tiradas dessa forma tão cruel, dura e injusta. Sabemos que a Justiça não pode reparar os danos, mas que faça o papel dela”, acrescentou Paulo César.