Jeremias Macário de Oliveira | Jornalista | [email protected]
Quando Filipe subiu ao trono em 338 a.C.,a maior parte dos gregos desconheciam a Macedônia. Ainda menino, Filipe foi estudar em Tebas onde fez amizade com Epaminondas. Quando voltou a Pela (Macedônia) foi considerado sábio pelos pastores. Briguento e corpulento, conseguiu unificar a região e ser reconhecida pelo resto da Grécia. >>>>>
De maneira rude, sabia mentir como o mais descarado hipócrita, sem escrúpulos. Em pouco tempo, levantou o mais formidável instrumento de guerra, a falange de dez mil homens e se apoderou de vários distritos de Atenas. Por questões de dinheiro, atenienses e espartanos se uniram contra a liga da Beócia e da Tessália. Derrotada, recorreu a Filipe.
Atenas acordou para a situação e recorreu à oratória de Demóstenes para despertar os cidadãos para o perigo que era a Macedônia. Dizem que ele era gago, mas se aperfeiçoou na fala usando pedrinhas na boca e declamava correndo morro. Muitas vezes se fechava numa caverna, barbeando só a metade do rosto, para vencer a tentação de sair.
Não precisando de dinheiro, dedicou-se a processos célebres, em defesa de clientes de alta classe, entre os quais a liberdade. Acusaram de defender a liberdade de Atenas contra Filipe para vendê-la aos persas, que lhe pagavam bem.
ALEXANDRE – Filipe colocou em liberdade os dois mil prisioneiros capturados e mandou para Atenas como mensageiro, seu filho Alexandre, de dezoito anos, que se cobrira de glória como general de cavalaria. Sua mãe Olímpia vivia nos mais desenfreados ritos dionisíacos. Uma vez, Filipe encontrou-a dormindo, na cama, ao lado de uma serpente. Disse que na serpente se encarnava o deus Zeus-Amon, o verdadeiro pai de Alexandre.
O primeiro mestre de Alexandre foi Leônidas para os músculos, Lisímaco para a Literatura e Aristóteles para a filosofia. O aluno era belo, atleta, cheio de entusiasmo e candura. Decorou a Ilíada. Muito orgulhoso como pai, certo dia Filipe disse: Meu filho, a Macedônia é muito pequena para ti. Uma vez, encontrou um leão e enfrentou armado só de punhal. Alexandre tinha um fraco por Atenas e, durante sua invasão, anistiou a todos. Tinha um dever para com ela quando ali estudou filosofia e literatura. Mais tarde, guerreando na Ásia, mandava os tesouros de arte para que ornassem a Acrópole de Atenas.
A Grécia deu a Alexandre vinte mil homens para reforçar seus dez mil de infantaria e cinco mil de cavalaria. Formou, portanto, trinta e cinco mil homens para enfrentar Dario com um milhão. Em 334 a.C., dois anos depois de subir ao trono, partiu para uma outra cruzada com fins de reunir a Ásia e a Europa.
“FOI VERDADEIRA GLÓRIA” – Conta o autor do livro “História dos Gregos”, de Indro Montanelli, que ao ver a multidão de seiscentos mil persas, Alexandre teve um momento de hesitação. Seus soldados gritavam: Anate general! Nenhum inimigo pode resistir ao cheiro do bode que temos. A derrota existiu, e Dario foi morto pela covardia de seus generais. Babilônia entregou-se sem resistência.
Alexandre anunciou ao povo grego sua definitiva libertação do jugo persa. Destruiu Persépolis onde encontrou prisioneiros gregos com os membros cortados. Matou o assassino de Dario, esticando ele em dois troncos de árvores. Depois seguiu para a Índia. Na sua jornada de volta, o calor e a sede mataram e enlouqueceram milhares de homens. Toda vez que encontravam uma poça de água, Alexandre bebia por último.
No seu programa de domínio mundial, casou-se com Statira, filha de Dario e com Parisatis, filha de Artaxerxes. Assim, se consumaria nos leitos a união entre o mundo grego-macedônio e o oriental, num fusão de sangue e civilização. Logo em seguida, proclamou sua origem divina como filho de Zeus-Amon. Tentou novas conquistas na Arábia.
O rei ficou totalmente abatido com a morte de Eféstion. Amou-o mais que qualquer outra mulher. Mandou matar o médico. Recusou comida durante quatro dias. Como sacrifício expiatório, Alexandre mandou degolar uma tribo inteira de persas. Entregou-se à bebedeira do vinho. Numa aposta engoliu quatro litros de vinho fortíssimo. No dia seguinte, uma forte febre o atacou e quis beber mais. Entrou em delírios e, no décimo primeiro dia, começou a agonizar. Era o ano de 323 a. C. e o rei ia completar 31 anos.
PLATÃO – A filosofia alcançava o zênite. Entre os continuadores, o mais superficial e popular foi Aristipo que mais pensava em curtir a vida. Quando estava sem dinheiro ia a Silo hospedar-se com Xenofante, ou em Corinto ficar com a famosa hetera Laís que pedira a Demóstenes um milhão e meio por uma noite de amor, mas sustentava Aristipo. Estivera também em Siracusa com Dionísio que uma vez lhe cuspiu no rosto. O tirano obrigava-o a beijar-lhe os pés. “Não é culpa minha, se os pés são a parte mais nobre do corpo dele”.
Outro mais nobre foi Diógenes. Afirmava que o homem não passa de animal e agia como animal. Satisfazia as necessidades fisiológicas em público, negava obediência às leis e não se reconhecia cidadão de pátria alguma. Foi o primeiro a usar o termo cosmopolita.
Como Diógenes, Antístenes tinha fama de espirituoso. Certa vez, ao ver uma mulher prostrada diante de uma imagem sagrada disse: Cuidado com tantos deuses que andam por aí, pode ser que haja uma pelas tuas costas, e lhe esteja mostrando o traseiro.
Platão conheceu Antístenes e sofreu alguma influência de sua filosofia cínica, como o demonstra na “República”. Seu verdadeiro nome era Arístocles, que significa excelente e famoso. Mais tarde chamaram-lhe de Platão, o largo. Aos vinte anos se encontrou com Sócrates e se tornou intelectual em sua escola. Amou o mestre apaixonadamente.
A morte do mestre e de Péricles o deixou abalado e se exilou na casa de Euclides, em Mégara, depois em Cirene e, por fim, no Egito onde procurou sossego na matemática e na teologia. Voltou para Atenas em 395 a. C. Tornou a fugir para estudar filosofia pitagórica em Taranto onde conheceu Díon que o convidou para Siracusa, de Dionísio.
O tirano disse, certo dia, que ele falava como estúpido. “E tu como um prepotente”. Dionísio mandou prendê-lo e o vendeu como escravo. Anicero Pagou seu resgate. Com um capital entre amigos, fundou a Academia. Na entrada estava escrito: Medeis ageometretos eisito (Mostrem geometria na entrada). Admitiam mulheres, pois Platão era feminista. Platão morreu dormindo, dizem que tirando uma soneca do cansaço.