O vice-presidente República Antônio Hamilton Martins Mourão defendeu, em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, que a decisão por abortar ou não deveria ser uma opção da mulher. Na conversa, realizada em seu gabinete, no prédio anexo ao Palácio do Planalto, publicada na sexta-feira (1), o vice-presidente também tratou sobre a possibilidade de mudança do local da embaixada do Brasil em Israel e a diferença de perfis entre ele e o presidente Jair Messias Bolsonaro. >>>>
O assunto sobre aborto surgiu quando Mourão foi questionado se achava que as discussões de gêneros deveriam ser tratadas dentro do governo.
“O governo tem que tratar de forma objetiva. É uma questão de saúde pública. Doenças sexualmente transmissíveis são uma questão de saúde pública. A questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto onde a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer ‘preciso fazer um aborto’”, afirmou o vice ao jornal O Globo.
Para ele, as possibilidades de aborto deveriam ser ampliadas, incluindo os casos em que a mulher avaliar que não possui condições de manter o filho. “Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa”, completou.
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Em agosto do ano passado, quando ainda era candidato à Presidência, Bolsonaro deu uma declaração semelhante ao jornal Folha de São Paulo, afirmando ser uma decisão que não compete ao homem. Contudo, afirmou na mesma entrevista que, caso fosse eleito, exerceria seu direito como presidente e vetaria uma eventual lei pró-aborto que viesse a ser aprovada no Congresso.
EMBAIXADA EM ISRAEL
Na avaliação de Mourão, não há motivos para transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, como deseja o presidente. “Eu sou conservador. Fica onde está (em Tel Aviv)”, revelou ao jornal O Globo.
O vice-presidente também considera uma terceira de possibilidade: “E tem uma solução intermediária, que é a da (embaixada da) Austrália, que diz que está em Jerusalém ocidental, porque se tem a ocidental, tem a oriental, que é dos árabes, e é uma solução diplomática. Na hora em que o presidente resolver discutir, essas três linhas de ação terão que ser apresentadas para ele, com vantagens e desvantagens”.
Apesar das divergências com Bolsonaro, Mourão discorda quando é colocado como oposicionista na relação entre suas opniões e as do presidente. “Isso não pode ser colocado dessa forma. Cada um de nós tem o seu estilo de agir. (…) Não é uma questão de um é o antípoda do outro, como fica querendo ser caracterizado. Muito pelo contrário. Ele tem uma experiência e eu tenho outra, que se retrata depois na forma como a gente conduz”.