Foi ao pegar o celular no bolso e ajeitar a calça que Isaac Soares, na época com 19 anos, sentiu um caroço em um de seus testículos. Antes, amigos comentavam como ele havia emagrecido, e a justificativa era a pesada rotina no serviço militar e no curso de Educação Física. “O caroço não me incomodava. Fui ao médico e, depois do ultrassom, não dava para saber se era um tumor. Um outro exame mostrou meu Beta HCG ( indicador que aponta possibilidade de câncer ) alterado. Aí tudo assusta. Comecei a pensar que não queria que ninguém mexesse em mim. O médico me orientou muito bem, e o medo foi diminuindo”, lembra Isaac, aos 29 anos.
Durante a cirurgia, a biópsia feita na hora não foi conclusiva. O médico indicou que a retirada do testículo era a melhor opção para confirmar se era câncer e, em caso positivo, em que nível estava: No meio da própria operação, o médico me explicou que colocaria uma prótese no lugar e isso não afetaria minha vida. E foi realmente o que aconteceu. Depois, viram que era um câncer testicular. Não imaginava eu, jovem, ativo, sem histórico na família, com aquela doença. A uro-oncologista Mariane Fontes, da Oncoclínicas, afirma que este tipo de câncer é comum exatamente na faixa de idade que Isaac tinha e que a falta de conhecimentos sobre técnicas de prevenção dificultam diagnósticos em estágios iniciais.
“As mulheres têm o hábito e uma série de campanhas que tratam do exame de toque. Com os homens não há essa cultura e nem essa campanha. É um câncer fácil de curar, mas com tabus sobre a sua prevenção”, afirma a médica. “No meio da própria operação, o médico me explicou que colocaria uma prótese no lugar e isso não afetaria minha vida. E foi realmente o que aconteceu. Depois, viram que era um câncer testicular. Não imaginava eu, jovem, ativo, sem histórico na família, com aquela doença”. A uro-oncologista Mariane Fontes, da Oncoclínicas, afirma que este tipo de câncer é comum exatamente na faixa de idade que Isaac tinha e que a falta de conhecimentos sobre técnicas de prevenção dificultam diagnósticos em estágios iniciais. Confira a reportagem completa do O GLOBO.
“As mulheres têm o hábito e uma série de campanhas que tratam do exame de toque. Com os homens não há essa cultura e nem essa campanha. É um câncer fácil de curar, mas com tabus sobre a sua prevenção”, afirma a médica. O caso de Isaac não foi tão simples. Um mês depois da cirurgia, ele sentiu falta de ar e descobriu que já estava com metástase no pulmão. Trancou a faculdade, mudou-se de Vitória da Conquista para Salvador para se tratar e viu cabelo e barba caindo. “Senti a vida indo embora. Depois veio a cura, quase como um milagre, e foi um crescimento interno. Este ano faz dez anos do diagnóstico. Hoje tenho formação em Educação Física com especialização em oncologia. Passei a fazer campanha contra o tabu de fazer exame. Temos que romper esta barreira“, defende Isaac.
Doença crônica
Não é só este tipo de câncer que possui resistência nas técnicas de prevenção entre homens. Se o de testículos afeta diretamente uma parcela mais jovem da população, o de próstata tem uma taxa de presença em 83% dos homens acima de 70 anos. E o exame de toque continua sendo visto com preconceito.
“Muitos homens ficam com a ideia de “vou ser violado”. A conscientização tem que ser através dos benefícios. O exame é muito importante. Hoje podemos tratar o câncer de próstata como uma doença crônica. Você vive com ela e pode viver bem. Tenho pacientes com 20 anos de doença e uma vida normal”, relata Mariane.
Foi com esse pensamento que Newton Anielo, de 73 anos, não teve preconceito em fazer o exame desde os seus 50 anos e, por isso, quando a doença foi diagnosticada, pôde tratar dela ainda no estágio inicial.
“A prevenção é muito importante. Sempre tive essa preocupação porque meu pai morreu com câncer de próstata. Nunca tive esse tabu de fazer exame. Tenho exemplo de amigos que se recusavam a fazer. Alguns morreram, outros estão em tratamentos delicados. Sofrendo mesmo. É melhor cuidar da sua saúde com o toque do que ficar moribundo. Médico não é bicho. Tem que enfrentar com altivez a doença”, afirma.
Riscos são menores
A médica Mariane Fontes ressalta que hoje os procedimentos de tratamento são menos invasivos:
“A cada dia temos novas técnicas de cirurgias para próstata e testículos que diminuem riscos de impotência e infecções”, afirma. “A palavra câncer ainda assusta demais as pessoas. É entendida como igual a morte. Não se pode mais ver a doença desta maneira”. Após dois anos de tratamento, Newton concorda com a médica e diz que a prevenção o faz pensar em viver muito mais. “Prevenir é saúde. Falo isso para amigos, para os mais novos. Cheguei aos 73 anos me prevenindo. E posso chegar a muito mais”, diz ele, ressaltando que o tratamento foi fundamental para que continuasse cuidando de seus dois filhos e três netos.