Polo de Saúde: Vitória da Conquista recebe pacientes para tratamento de câncer de diversos municípios da Bahia

Foto: BLOG DO ANDERSON

Natural de Guanambi, Sudoeste da Bahia, o lavrador José Lima está em Vitória da Conquista, na mesma região, para fazer um tratamento contra o câncer. Ele descobriu a doença no ano passado. Há 10 anos, Vitória da Conquista não poderia oferecer atendimento adequado para José, porque não contava com centro especializado no tratamento do câncer. Paientes tinham que buscar tratamento em Salvador ou Itabuna. O lavrador contou que descobriu a doença após ter um mal-estar nas vésperas de uma viagem para Bom Jesus da Lapa, no Oeste Baiano. O diagnóstico foi dado após uma consulta com um gastroenterologista. Hoje, Vitória da Conquista conta com duas Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacons), que ficam nos hospitais. Por conta desse investimento, Vitória da Conquista é considerada um polo de atendimento à saúde.

Na Unacon onde José faz o tratamento, são atendidas pessoas de 77 municípios diferentes. Uma delas é a empregada doméstica Eudite Rodrigues, de Urandi. Ela é descobriu um câncer de mama há dois anos, mas começou o tratamento tarde. Por conta dos atendimentos, Eudite precisava viajar 12 horas de ônibus para Salvador para ser atendida por um médico. “Eu ia todo mês por causa do tratamento, mas já não aguentava ir mais para lá. Era muito tempo de viagem, e tinha muita escada para subir. Eu não aguentava subir”, conta. O marido de Eudite, Benício Bernardo, acompanha ela em todas as viagens, que passaram a ficar mais curtas, já que agora ela faz o acompanhamento médico em Vitória da Conquista. “Foi uma bênção de Deus acontecer, porque é muito sofrido pra ela. E agora melhorou muito”, avaliou Benício. Confira a íntegra.

 

O diretor-técnico da Unacon de Vitória da Conquista, José Ernesto de Oliveira, falou sobre a importância da cidade oferecer o tratamento na região.”Temos um público que ao longo de anos estava reprimido deste tipo de tratamento. Não só por ter que ir a Salvador, mas por todo um ônus que havia para esse pessoal. Não era só o gasto para estar em Salvador, mas gastar em hospedagem e gastar com o próprio tratamento em si. Hoje em Vitória da Conquista temos pacientes que se distanciam a mil quilômetros e estão inseridos em nosso contexto de Unacon”, ponderou. O desenvolvimento de um setor alavanca vários outros. A empresária Teresinha Dutra tem um hotel e um restaurante no mesmo prédio onde funciona a unidade médica. Os clientes dela chegam de vários lugares, mas a maioria vêm do hospital, sejam pacientes ou funcionários. “Sempre almoço aqui. Salto do ônibus, perto do hospital, aí eu venho almoçar aqui. E a comida é boa”, disse a auxiliar administrativa Diva Moitinho. Além do setor de saúde, outras áreas movimentam a economia da região de Vitória da Conquista. Na cidade, a educação também tem um papel importante, como explica o reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Luiz Otávio Magalhães.  “A partir dos anos oitenta [1980] se buscou alternativas na Bahia, em termos de escolas, universidades, de pontos de atendimento de saúde, de estabelecimento de redes públicas de serviços. Vitória da Conquista apareceu como uma dessas alternativas”, pontuou. Para a estudante Joane Nogueira, que cursa jornalismo na UESB), Conquista foi a alternativa que ela encontrou para estudar. “Eu vim para fazer jornalismo na UESB, sendo que na minha cidade tem jornalismo, mas a faculdade que tem lá é particular e aqui é pública. E eu também pensei na estrutura que a UESB oferece”, disse. Com mudança para uma nova cidade, surge a primeira preocupação da estudante: o local onde moraria. “A gente sempre quer uma localização boa, porque eu vim para estudar. Então, tinha que ser um lugar com ponto de ônibus, ou que seja perto da universidade para que facilite nossa vida”. Além da UESB, Vitória da Conquista tem outras duas instituições públicas de ensino superior: a UFBA (Universidade Federal da Bahia), IFBA (instituto Federal da Bahia) e outras sete privadas. O estudante que chega na cidade movimenta muitos setores da economia. Para viver, o gasto é de pelo menos mil reais mensalmente, com transporte, alimentação, internet, água, gás, energia, lazer e aluguel.


Os comentários estão fechados.