Tairone Ferraz Porto | Advogado | @taironefporto
A maioria que votou no atual presidente nas últimas eleições ou era ou tornou-se bolsonarista. Ainda hoje, 1/3 dos eleitores, ou perto disso, faça chuva ou faça sol, com ou sem cloroquina, com Moro ou sem Moro, com 1 ou com 100.000 mortos em razão da Covid-19, estão e continuarão com ele, independentemente da verborragia, do “gabinete do ódio”, da destruição das florestas, do apoio aos torturadores, dos laranjais, do Queiroz, do apoio às milícias, dos conchavos com o Jefferson e com outros tantos iguais, etc, afinal, qualquer disso ou tudo isso “é melhor do que o “petê”, dizem. Essa maioria sabe e não pode negar, que se vivesse no Rio de Janeiro também teria votado no Witzel, como o fez a maioria dos eleitores daquele Estado. Leia a íntegra.
No Rio, os votos dados aos dois foram estrondosos.
Mas quem era Witzel há pouco mais de um ano e meio?
Poucos o conheciam.
Ele foi verdadeiramente apresentado ao povo do Rio de Janeiro pelos Bolsonaros, pai e filhos.
Foi o candidato deles nas eleições de 2018, sobretudo no 2º turno.
E o Witzel não se fez de rogado: colocou-se como mais um candidato da extrema-direita, opondo-se à esquerda, ao “petê”, ao “comunismo”, ao socialismo e aos Direitos Humanos.
Quem não se lembra do Witzel sendo aplaudido pelas ordas bolsonaristas com a afirmação de que a polícia iria passar “a mirar na cabecinha… e FOGO…”?
Quem não se lembra do Witzel afirmando que não houve golpe (ditadura) no Brasil a partir de 64?
Quem não se lembra do Witzel, apesar do pedido de desculpas póstumas, se deixando fotografar aos risos e ao lado da placa em homenagem à Marielle
Franco, destruída, às gargalhadas, por apoiadores dos Bolsonaros?
Quem não se lembra do Witzel muitas vezes abraçado e sorrindo ao lado do presidente e ao lado de cada um dos filhos políticos dele: 01, 02, 03?
Eram marchas de projetos de poder!
Agora adversário do presidente, quis o Witzel, talvez, liderar contra ele um pedido de impeachment.
Até aí, nenhuma surpresa, pois o que não falta é traição no submundo da política.
O circo continua pegando fogo no Rio de Janeiro.
E, pelo que anda sendo “dito” e “previsto”, o mesmo poderá acontecer em São Paulo, onde os bolsonaristas do país inteiro, em sua imensa maioria, também teriam votado no Dória se vivessem lá, porquanto o atual governador de São Paulo é o mesmo que, na última campanha eleitoral e ao lado do “capitão”, fantasiava-se de “Bolsodória”.
Ora, não dá para duvidar: Witzel, Dória e o presidente são quase tudo uma coisa só.
A deputada bolsonarista e ex-morista Cláudia Zambelli, ao que tudo indica, já sabia da operação da Polícia Federal no Rio, antes mesmo de ela ser deflagrada, como “declarou” numa entrevista em uma rádio gaúcha…
Mãe Diná ela não é.
O zero um, que também não é vidente, declarou “prevê” um tsunami contra Witzel, tendo dito, ainda, ter recebido “informações anônimas” sobre isso!
Anônimas? Mistéeeerio…
Parece mentira, mas até o ator Mario Frias, hoje fortíssimo candidato a assumir a pasta da Cultura, depois de uma passagem rápida por Brasília e depois de ter se encontrado com o presidente, afirmou no “Debate360”, do canal CNN, no dia 07/05, antes, portanto, da operação da Polícia Federal no Rio, que “muita gente” seria presa em razão de “irregularidades” no combate à pandemia!
Coincidência? Pode ser…
Mas o certo é que, se o governador Witzel aprontou ele deve mesmo ser rigorosamente punido nos limites da lei, porque “roubar” é terrível, mas “roubar” aproveitando-se da maior crise sanitária vivenciada por nós, brasileiros, nos últimos 100 anos, é terrível demais.
E se “roubou” como hoje afirmam especialmente os apoiadores do presidente, ficam aí duas lições: a primeira, os erros existem em todos os lados, seja na esquerda, seja na direita, seja na extrema-direita; a segunda, em todos os partidos existem pessoas não inocentes, sendo certo, portanto, que não há culpados que sejam exclusivamente de apenas um deles, como muitos querem nos fazer crer.
Aliás, em se tratando de política, existem culpados até entre aqueles que não estão filiados a partido algum.
Certo ainda é que, antes de atirarmos pedras, é melhor termos calma com o santo, porque o andor é de barro. Que as investigações prossigam e que sejam isentas e imparciais. Os julgamentos, idem. Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, afinal, não foi uma, não foram duas, não foram três vezes que, na história deste país, assistimos à uma parte de nossas instituições a serviço de projetos de vaidade e de poder, tudo para desconstruir as imagens dos adversários de quem queria chegar ou de quem, tendo chegado, quis (ou quer) se manter no poder.
A coisa é grave. Alguns membros e defensores do governo já defendem, formalmente,
a hipótese de “consequências imprevisíveis” e até mesmo de “uma guerra civil” se alguém ousar em mexer ou tentar tirar o vespeiro do lugar, é de pasmar!
O ódio a um único partido depois de nos cegar, trouxe-nos até aqui, a este odioso extremo. Expiemos, então.
Que Deus, não o da política, mas o que está verdadeiramente acima de todos, em sua infinita bondade, tenha misericórdia dos seus filhos brasileiros.
O cabaré mais uma vez está em chamas e nós, infelizmente, e também em razão da pandemia, somos obrigados a ficar em casa assistindo de camarote à essa live de terror!
Rezemos.
Tairone Ferraz Porto
Advogado
5 Respostas para “Tairone Ferraz Porto: O fogo no cabaré”
Adriana
Muita verdade. Quem tem “chão” de vidro, não pode jogar pedra no telhado do vizinho. Esses que estão aí, a governar a República sempre estiveram alinhados com o mundo do crime. Só não ver quem não quer.
Ivan Mendes
Dr. Tairone, como sempre, muito lúcido. É preocupante assistir todo esse golpe se formar, passo a passo, e sabendo que o isolamento social vai deixar o campo livre para os facistas, por isolar as forças democráticas em casa, por conta de nossa responsabilidade com a saúde pública.
Temos que Lutar com as armas que temos, partir pro enfrentamento aos fake News e, através de textos,como esse só Dr. Tairone, chamar os Bolsonaristas à responsabilidade, à razão.
Hélio Ribeiro Santos
Excelente artigo Tairone. Parabéns.
Messias Souto
Nesta briga entre Bolsonaro, Moro, Witzel, Doria, Zambelli, Alexandre Frota, etc..etc..,torço para a briga. Sou mais Hadad e Rui Costa.
ALBERTO DA SILVEIRA LIMA
Parabens amigo. Muito boa a analise