Jeremias Macario de Oliveira
Vitória da Conquista completou ontem [9 de novembro] 180 anos de emancipação política. Uma longa história que carecia de muitas homenagens e uma vasta programação cultural, política, social, de lazer e entretenimento, mas a pandemia da COVID-19 impediu uma festa maior. No entanto, o que mais importa é sua história cheia de fatos positivos, mas também negativos, como em qualquer vida humana. >>>>.
De 1840, quando foi implantado o primeiro Conselho Municipal, no papel de uma Câmara de Vereadores, com seu intendente tipo prefeito, muitas coisas aconteceram, como grandes projetos e obras de infraestrutura nas áreas da educação, da saúde e também catástrofes, tragédias e episódios que marcaram sua longevidade. Foi terra dos coronéis, das rosas, dos tropeiros e sempre do frio que muitos costumam a chamar de “suíça baiana”.
A CHEGADA DA BR-116
Só para resumir alguns pontos da sua história, Conquista começou a se destacar como grande cidade do estado a partir dos anos 60 com a chegada da BR-116, ou Rio-Bahia, servindo de entroncamento entre o sul e o norte do país com outras cidades da região sudoeste. A partir desta década, o seu comércio (carro-chefe da economia) começou a crescer e a superar a atividade agropastoril.
Nessa passagem, ocorreu um fato triste que foi a ditadura civil-militar de 1964, justamente quando Conquista era só uma efervescência e referência na área cultural e educacional, com grandes talentos da música, da literatura, da poesia e da dramaturgia.
Em 8 de maio de 1964 aconteceu o pior que foi o cerco militar de 100 homens do regime ditatorial para prender aqueles que os generais consideravam como subversivos comunistas. Mais de 100 foram levados à cadeia, inclusive o prefeito José Pedral Sampaio, que teve seu mandato político cassado por 20 anos.
Vieram as décadas de 70 e 80, e o município continuou a se desenvolver, mesmo diante de toda turbulência da repressão, com atrasos na educação e na cultura. A chegada da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb deu mais um alento, mas a introdução da cafeicultura nesse período foi mais um ponto alto a favor do seu desenvolvimento, embora negativo para o meio ambiente por causa dos desmatamentos.
A DECADÊNCIA DO CAFÉ
No meado para o final dos anos 90, Conquista sofreu uma queda em sua atividade econômica com a decadência da monocultura do café, mas seus gestores e empresários procuraram logo outras alternativas para sair da crise. O comércio se fortaleceu por causa do seu grande raio de atuação em torno da região, que abrande cerca de 70 a 80 municípios.
Entretanto, isso só não bastava porque existia um grande vazio que era a falta de escolas de ensino superior. Um movimento de empresários e entidades da cidade começou a se reunir e a planejar uma saída para preencher esta lacuna. Com agressividade, começaram a nascer algumas faculdades particulares, culminando com a instalação de unidades da Universidade Federal da Bahia.
Com a educação superior a partir dos anos 2000, Vitória da Conquista tomou outro rumo, e desta vez foi a construção civil que deu sua arrancada desenvolvimentista com a vinda de muitos jovens da Bahia e de outros estados para estudar em Conquista. Podemos dizer que foi o período de maior avanço, tanto que seu índice de crescimento foi o maior do Norte e Nordeste.
Esse avanço, porém, não foi acompanhado de grandes projetos em infraestrutura, de modo que atendesse as demandas da população. Para seguir esse processo, Conquista hoje espera ter grandes projetos nos setores de mobilidade urbana, principalmente, construção da barragem para o abastecimento definitivo de água e mais estrutura na educação de base e na saúde, sem falar de uma política cultural para despertar, mais uma vez, os grandes talentos que estão aí adormecidos e necessitando de incentivo do poder público em geral.
Neste ano de eleições, Conquista espera que os políticos cumpram suas promessas de mais escolas, mais programas de emprego e renda, mais postos de saúde, de uma Câmara Municipal mais forte com gente preparada, séria e ética, com mais obras de mobilidade urbana e, especialmente, que olhem para os mais pobres no sentido de reduzir a miséria. Conquista espera, acima de tudo, que todos conquistenses cumpram com seu dever, para que haja mais justiça social e menos violência.