Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor
Se o povo quer ir numa direção.
Não adianta tentar levar para outra
Comentei aqui ao final do primeiro turno que pelos meus cálculos e em decorrência à rejeição do PT, que pouco mudou o seu discurso e não aceitou, humildemente, reconhecer seus erros do passado, iria perder as eleições em Vitória da Conquista. Aliás, isso aconteceu em Feira de Santana e em todo país. Falei com algumas pessoas da esquerda, mas não concordaram com minha leitura. O povo deu um não aos extremismos do capitão-presidente da República, vilão do meio ambiente, com seus rompantes ofensivos ultraconservadores, e também às esquerdas, principalmente o PT, que não quis fazer uma revisão dentro do seu próprio partido. O discurso de combate ao coronavírus, com flexibilizações em tempo certo, também foi importante na votação. >>>>>.
DEU O DISCURSO DO CENTRO
O eleitor optou por ficar no centro. Disse que quem colasse no PT, como aconteceu com o PSB, em Conquista, não iria se dar bem. Alguns se salvaram, talvez por motivos de representação pessoal e porque já tinham suas bases construídas, mas foram poucos e esses devem adotar o diálogo.
Se o PT quer renascer seu partido das cinzas, tem que fazer um trabalho de renovação em sua linguagem, abrir um canal de diálogo com outros partidos, não mais como grande e arrogante, e voltar às suas origens de ligação com as periferias, com o campo, com as bases e com os trabalhadores, em portas de fábricas. O DEM foi rejeitado e depois renasceu porque mudou.
Não importa se Lula é inocente ou não de suas acusações, ele foi fulminado pelas próprias direitas sujas da elite burguesa que ele mesmo se aliou, para se manter no poder. Na história do Brasil, a esquerda que se coligou à burguesia, se deu mal.
O grande erro começou na eleição a presidente de 2018 quando o partido não aceitou Ciro Gomes na cabeça de chapa, e insistiu em Haddad para disputar com a extrema-direita homofóbica e racista de Bolsonaro. Aí entraram em cena o ódio e a intolerância, mas estes males vão desaparecer.
Em 2018 era o momento do PT sair de seu pedestal de arrogância e prepotência, e fazer uma aliança mais palatável, com a linguagem do povo. A extrema brotou de suas trevas e passou a propagar o PT como o satanás,
O diabo, que passou a mão nos cofres da Petrobrás e de outras estatais. Empregou o termo de comunistas a todos aqueles que estivessem ao seu lado.
Interessante que os partidos que estavam conluiados com o PT na roubalheira, como o PP e o MDB, principalmente, se deram bem nessas eleições porque pularam fora do barco e não foram alvos da extrema conservadora. O PT ficou como alvo no tiroteio cruzado, e o povo, de pouca memória, esqueceu que os outros também foram corruptos, tanto quanto.
Como não poderia deixar de ser, aqui em Conquista essa linha prevaleceu, ainda mais com o reforço dos evangélicos conservadores, dos comerciantes lojistas, empresários em geral e dos antipetistas raivosos que votaram no MDB, de Hérzem Gusmão, só para eliminar de vez o PT do cenário político da cidade.
Fosse puramente pela pessoa do professor José Raimundo, sem a colagem do PT, o resultado talvez tivesse sido diferente. Quem mais perdeu nesse pleito foi o governador Ruy Costa que “levou pau” em Salvador, Vitória da Conquista, Juazeiro (lá foi o PC do B seu coligado), Feira de Santana, Itabuna e Ilhéus, os maiores colégios eleitorais.
Aqui em Vitória da Conquista é chegada a hora do PSB, ou outro partido de esquerda moderada, fazer uma revisão de seus erros e começar a trabalhar firme com o povo para ganhar a prefeitura, em 2024, com candidatura própria, sem coligação. É hora de “arregaçar as mangas” e já trabalhar com um possível nome que tenha a aceitação popular, sem essa linguagem de bordões ultrapassados e carrancudos.