Academia do Papo | Bolsonaro por Paulo Pires

Foto: BLOG DO ANDERSON

Paulo Fernando de Oliveira Pires | professor da UESB

Nos últimos dois anos, o Povo Brasileiro vem se surpreendendo com declarações espantosas derivadas das opiniões político-sociais “lecionadas” pelo presidente Jair Messias Bolsonaro. O mandatário brasileiro, com intenções prévias ou não, parece sentir prazer idílico ao fazer declarações absurdamente patéticas, esdrúxulas, sem nexo, eivadas de anacronismos intoleráveis para um político que foi eleito presidente da república de um grande País na segunda década do século XXI. O ex-primeiro ministro italiano Romano Prodi, desencantado com sua Itália, tomada por corruptos de toda natureza (tanto na política, quanto na economia, nas finanças e na administração pública), disse em certa ocasião, que governar a Itália não era difícil … era inútil. Leia a íntegra dessa nova Academia do Papo.

Há coisas na vida que a gente tem que levar, inevitavelmente, para esse tipo de raciocínio. Uma delas é querer defender o senhor Jair Messias Bolsonaro. A nós, críticos mais severos de comportamentos políticos com os quais não coadunamos, só resta dizer que defender Bolsonaro além de perigoso, é inútil. Não afirmamos isso levados (ou tocados) por qualquer percepção originada pelo antagonismo partidário ou coisa equivalente. Isso seria também desonesto e inconcebível sob o ponto de vista ético. Nossa percepção sobre o senhor Bolsonaro vem de acurada e histórica pesquisa sobre a vida desse senhor que hoje é o presidente do Brasil.

Aos 33 anos expulso do exército, nosso personagem foi descrito em livro por um dos oficiais superiores de sua Unidade, como um ser humano que apresentava sérios distúrbios mentais (com perturbações que o fazia não aceitar regras sociais mais comezinhas). Expulso do exército por má conduta, o senhor Bolsonaro procurou entrar na vida pública e o fez elegendo-se vereador pelo Rio de Janeiro. Daí saltou para deputado federal, tendo granjeado número considerável de votos, durante 7 mandatos. Sua principal alavanca era (é) o Discurso do Ódio.

Como Deputado Federal por sete mandatos, o Brasil não tem notícia de Projetos importantes para a Nação proposto e aprovado pelo senhor Bolsonaro. Na realidade ele aprovou dois: um para isenção de I.P.I. sobre eletrônicos e o outro para liberar um medicamento para câncer. Fora isso, em quase 28 anos de Câmara, o deputado Bolsonaro não fez nada, exceto usar a tribuna para enaltecer a Ditadura e o torturador Carlos Alberto Ustra. O que esperar de um político com tanta inexpressividade?

Sobre suas declarações inconcebíveis, vale a pena tomar palavras contidas no Editorial do jornal Estado de São Paulo desta quinta-feira (7/1).  Assinala o vetusto jornal: “O País luta contra uma grave pandemia. Não se sabe quando haverá vacina para os brasileiros. O desemprego alcança taxas alarmantes. A economia tenta a duras penas se aprumar. E o presidente da República vem dizer que o Brasil está quebrado? Haja irresponsabilidade. Haja insensibilidade”.  Em outro momento, a publicação diz: “se o presidente Jair Bolsonaro está mesmo convencido de que o Brasil está quebrado e de que ele não pode fazer nada, é imperioso – para o bem do País e dos brasileiros – que renuncie o quanto antes. Não há lugar para um presidente da República assim amuado, a fazer-se de vítima na porta do Palácio da Alvorada perante seus apoiadores”.

O pensamento rococó de Bolsonaro é um relicário de coisas ultrapassadas, raciocínios toscos, pontos de vista grosseiros e muita mentira e maledicência. O homem emite coisas que só os idosos do século 19 tinham coragem de fazê-lo. Mas, acreditem, nosso presidente não está isolado. Acompanhando suas maluquices há uma horda de brasileiros que o veneram (esses estavam há mais de um século no “armário”) e só estavam esperando um homem que pudesse trazer para o Brasil o pensamento velho, carcomido, do século 19. Esses brasileiros viram (ou veem) no Messias, aquele porta bandeira capaz de conduzir e sustentar seus anacronismos. O dado real é que nosso presidente, agora eleito como O Corrupto do Ano (por uma Associação de Jornalistas Internacionais), está com a crista baixa. Ele sabe que a Corrupção dele e dos seus Familiares não pode mais ser escondida. Final do ano passado The New York Times fez matéria de página inteira enumerando as ações amalucadas do presidente Jair Bolsonaro e acrescentou às maluquices, atos de corrupção envolvendo todos os familiares.

Deplorável na história é hoje já haver uma constatação real que o senhor Bolsonaro não é aquilo (ou aquele) que muitos pensavam que fosse. Hoje mais de dois terços do Povo brasileiro veem Bolsonaro como uma figura folclórica e muitos de nós o consideramos integrante do grupo dos malucos que governaram o Brasil (o primeiro foi Delfim Moreira, que ficou esquizofrênico e em alguns momentos, completamente maluco); depois veio Collor de Melo com suas manifestações diabólicas e agora temos o Jair Bolsonaro que usa a religião pentecostal para se mostrar como cristão (que ele nunca foi, porque a Doutrina não o reconhece em seus princípios). Cristão que é cristão jamais defenderia tortura ou torturador.

Para encerrar diríamos que Bolsonaro terminará (se terminar) seu mandato de forma melancólica. Até para os grandes do mercado, aqueles que apostaram suas fichas nele, o senhor presidente não convence mais. Esses grandes oportunistas esperam apenas que o Messias entregue a Reforma Tributária, a Administrativas e as Privatizações (para abocanhar a preço de banana nossas melhores empresas públicas), e daí descartar sua figura retrô. Pandemia não justifica queda do PIB. Em 2019, sem Pandemia, o PIB de Bolsonaro foi menor do que o de Michel Temer em 2018; a moeda brasileira foi a mais depreciada entre 140 países e o País está num desgoverno total. Portanto, apoiar Bolsonaro, além de perigoso…. É inútil. Cordial abraço para todos, até breve.

 

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