Sebastião Marcos Garcia Padre: Zé Henrique Padre

Foto: Divulgação

Eu sou Sebastião Marcos Garcia Padre, irmão de José Henrique Garcia Padre. Julgo importante falar do meu relacionamento com meu amado irmão mesmo nesse momento tão difícil e de muita dor. Daria para escrever um livro, mas vou tentar resumir a nossa história. Tudo começou quando éramos crianças e minha querida mãe nos colocou para dormirmos juntos numa cama de casal. Ela alfabetizou todos os seus filhos e comigo e Zé não foi diferente. Chegou o momento de nos matricular na escola, a escolhida foi o Colégio Edvaldo Flores por ser de qualidade e perto da nossa casa. No primeiro dia de aula Zé Henrique logo começou a chorar. Sendo ele o caçula da casa, minha mãe de imediato me escolheu para tomar conta dele devido a nossa pouca diferença de idade. Ela pediu à professora para que me colocasse na mesma sala que ele. Num determinado momento, a professora solicitou a presença da minha mãe na escola para dizer-lhe que eu não mais poderia continuar na mesma sala que Zé, minha mãe ficou preocupada com essa situação achando que o choro dele pudesse voltar, pediu à diretora para que eu continuasse na mesma sala com ele e isso aconteceu. Leia na íntegra.

 

Nos anos seguintes fomos estudar na Escola Normal, sempre juntos na mesma sala, até a conclusão do terceiro grau (hoje ensino médio). Durante esses anos de estudos tínhamos nossos momentos de lazer, jogávamos futebol, íamos ao cinema e ao estádio Lomanto Júnior, da mesma forma sempre juntinho um do outro. Veio aí o momento dele ir estudar em Salvador, eu sempre ia visitá-lo. Depois de um ano fui também morar em Salvador para estudar e olha nós de novo morando juntos.

Concluímos nossos cursos e voltamos para Conquista, fomos sócios de Clínicas , desenvolvemos vários projetos juntos, quando isso não foi mais possível continuamos com a mesma amizade e carinho de sempre. Como vocês observaram nesse relato nós parecíamos irmãos gêmeos, gerados na mesma placenta, diante de tanta empatia e amor um pelo outro. Zé Padre, como o chamava de forma carinhosa, era um suprassumo da inteligência, um ser humano muito especial que não media esforços para ajudar o próximo. Formou-se em medicina, profissão que tinha tudo a ver com o seu perfil, através dela pode ajudar o próximo, notadamente aos mais necessitados. Meu irmão, não dava nenhum valor a bens materiais, o que importava mesmo eram as pessoas. Seu sorriso espontâneo contagiou a todos aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo. Carisma , simpatia e alegria, sempre foram características marcantes da sua pessoa. Ele sempre foi o mais alegre da nossa família, tudo para ele era motivo para fazer festa, gostava de viver sempre rodeado de pessoas. Sua casa parecia um clube social, pois ele fazia questão de convidar seus amigos para compartilhar momentos felizes.

Eu e Zé sempre gostamos de política. Quando éramos crianças construímos um pequeno comitê no quintal da nossa casa, era um barraquinha feito de madeira com cobertura de lona, colávamos cartazes de candidatos da nossa preferência e ficávamos ali admirando as fotos. Já na fase adulta, participamos de um movimento de conscientização de como se fazer uma nova política, liderado pelo nosso grande amigo Dr Armênio Santos. Movimento este, inspirado no grande pensador político José Pedral Sampaio. Participamos ativamente da campanha de Waldir Pires para governador da Bahia, coordenando o comitê Força Total em Vitória da Conquista e região, realizando, assim, um sonho de criança.

Em 1988, Zé Padre candidatou-se a vereador na Cidade de Vitória da Conquista, e eu fui o coordenador da sua campanha. Como pode ser notado, a genética foi determinante, já que nosso avô paterno Joaquim Padre chegou a ser nomeado como suplemente de intendente (hoje vereador), vovô tinha na sua relação de amigos políticos o saudoso Dr Régis Pacheco.

No ano de 2020 Zé Henrique Padre, apoiou as candidaturas a vereador de Sam, na cidade de Jequié, e de Luís Carlos Dudé, em Vitória da Conquista, logrando êxito nas duas candidaturas. Fazia parte da nossa conversa analisar a chance de cada candidato postulante à assumir tanto a prefeitura de Vitória da Conquista como a de Jequié; discutíamos também a formação da nova câmara municipal de ambas as cidades.

Há 18 anos, Zé Henrique adotou Jequié como sua segunda cidade natal, terra de gente boa, hospitaleira, de pessoas que sabem receber todas aqueles que fazem a opção por morar na cidade. Com seu jeito peculiar de ser, fez inúmeros amigos na cidade de Jequié e região. Mesmo morando distante falávamos constantemente.

Apesar de ele dizer que eu era seu “pai”, ele foi pra mim meu professor, em várias oportunidades apresentava-me projetos, que muitas vezes, eu nem sabia por onde começar, mas contava com sua motivação e os resultados eram sempre positivos. Ele foi minha inspiração de vida e meu melhor amigo, meu amor, meu tudo! Fica aqui a dor e a saudade na certeza que logo estaremos nos encontrando ao lado da nossa irmã , nosso pai e nossa mãe, todos juntinhos novamente na glória e com as bençãos do nosso Deus todo poderoso. Fica em paz meu querido irmão você será sempre meu eterno AMOR!!

Todo dia 20/01, data do meu aniversário, ele me felicitava através de telefonema. Neste ano ele fez questão de mandar mensagem por escrito.
Parecia que, meu amado irmão, pressentiu que Deus estava lhe chamando, sempre me dizia que estava preparado para ir ao encontro do Pai, eu dizia que ele estava muito novo e que tinha muita coisa para realizar aqui na terra. Até certo ponto isso acalenta meu coração e alivia a minha dor. Veja a mensagem enviada por ele demonstrando seu amor por mim:

“Bom dia Bastião.
Parabéns pela passagem do seu aniversário.
Você aniversaria e quem ganha o presente, somos nós: seus familiares e amigos.
A sua própria existência, é um imenso presente, para todos nós, pelo seu caráter, bom senso, brandura, docilidade, etc.
Se fosse listar todos os seus predicados positivos, levaria a minha vida inteira e não concluiria.
Saúde, Paz e Prosperidade!
Você é o meu maior e melhor amigo.
Amo você!”


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