O presidente do Haiti foi assassinado a tiros na madrugada desta quarta-feira (7), dentro de casa. O estado da primeira-dama é crítico. Os assassinos chegaram em vários carros e usaram um alto-falante para anunciar o disfarce: “Essa é uma operação do DEA.” O DEA é o departamento de combate às drogas dos Estados Unidos. Um morador registrou a ação. Jovenel Moise comandava um governo turbulento. >>>>
Venceu o primeiro turno das eleições de 2015, que acabaram anuladas após acusações de fraude. Um governo interino assumiu até que um novo pleito fosse realizado no ano seguinte. Moise venceu e assumiu em 2017.
A oposição alegava que o mandato dele deveria ter acabado em fevereiro deste ano, quando completava cinco anos, incluindo o período em que o país esteve sob governo interino.
Moise defendia que só deveria sair em 2022, quando completaria 5 anos de sua posse. Há mais de um ano, ele havia dissolvido o Congresso e governava por decreto, tentando reescrever a Constituição.
O Haiti é o país mais pobre das Américas e enfrenta uma grave crise humanitária. É um dos poucos do mundo que ainda não começou a campanha de vacinação contra a Covid e gangues de criminosos apavoram as ruas na capital, Porto Príncipe.
O assassinato do presidente aumenta ainda mais a incerteza e o temor de violência generalizada. Depois de 30 anos de ditadura, o país teve a primeira eleição em 1990.
Em 2004, depois de um golpe contra o então presidente Jean-Bertrand Aristide, a ONU enviou uma missão de paz ao Haiti.
Durante 13 anos, o Brasil comandou a missão.
Em 2010, um terremoto deixou um número estimado de 200 mil mortos e afundou o país ainda mais na crise econômica e social.
Em 2017, a missão da ONU terminou sem que o país tivesse chegado a uma maior estabilidade.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta quinta-feira (8) para tratar da situação no Haiti. Na semana passada, o conselho já havia dito que estava profundamente preocupado com as “condições políticas, de segurança e humanitárias no Haiti”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “os autores deste crime devem ser levados à justiça”.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou o assassinato de hediondo.
Quem comanda o país agora é o primeiro-ministro interino, Claude Joseph, que anunciou estado de sítio e pediu calma à população.
O embaixador do Haiti nos Estados Unidos afirmou, na noite desta quarta (7), que alguns dos assassinos foram presos.