Paulo Fernando de Oliveira Pires | professor da UESB
O prestigioso jornal Washington Post em matéria de 19 parágrafos escreveu sobre o presidente do Brasil sob o título “À medida que investigações sobre a pandemia avançam, Bolsonaro se vê cada vez mais ameaçado por escândalos de corrupção”. O texto explica que as recentes denúncias criminosas contra o presidente amplificam os questionamentos sobre sua permanência no cargo e afirma que elas têm um potencial muito mais destrutivo para o chefe de estado brasileiro do que a conturbada condução da pandemia da Covid-19 orientada por ele, assim como as políticas econômicas adotadas por seu ministério, que só fizeram com que os pobres sofressem ainda mais”. >>>>>
“O periódico estadunidense, famoso pela cobertura do escândalo Watergate, nos anos 70, que levou à renúncia de Richard Nixon, explicou os pormenores das denúncias de corrupção reveladas pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e por seu irmão na compra da vacina indiana Covaxin, dando atenção especial para o fato de que Jair Bolsonaro vivia pechinchando com laboratórios que produzem vacinas de primeira linha por preços menores, enquanto pagou valores exorbitantes, até 1000% maiores, numa transação obscura para adquirir o imunizante da Bharat Biotech”.
Estamos diante de uma situação curiosa (e até exótica): o presidente Bolsonaro, por diversas vezes, disse, em campanha, que não entendia de Saúde, Economia e todos os temas que jornalistas insistentes lhe perguntavam… dizia o candidato Bolsonaro que cada pasta do seu governo teria especialistas, justamente para responderem às questões inerentes aos problemas afetos às áreas.
Hoje, passados mais de dois anos e meio de governo (com índices sociais e econômico muito ruins) os ministros do senhor Bolsonaro quando são indagados sobre problemas brasileiros, respondem de forma quase patética que estão seguindo as diretrizes do presidente… ora, ora… quais diretrizes seriam essas se o presidente confessava “não entender” de nada? Será que isso justifica porque tantos desatinos na governança do País?
O fato é que estamos diante de um governo que a cada dia tropeça nas ações mais comezinhas da administração pública e, para piorar, está se atolando em uma série de erros e contradições que ninguém com o mínimo de bom senso esperava que isso fosse acontecer. Algumas pastas (poucas) são pautadas por ações profissionais e respeitáveis. Em contrapartida, outras áreas parecem se pautar por ações e enredos medievais enfiando o governo do senhor Bolsonaro em um lamaçal como nunca se viu em toda a História do Brasil.
Estamos vivendo momentos muito ruins com o presidente Bolsonaro. Ele se nega a aceitar evidências do passado e do presente e o resultado são pronunciamentos e propostas indecorosas. O posicionamento do Presidente do Brasil está levando nosso País para uma condição de País Pária Internacional. Todas as grandes editorias e todos os correspondentes estrangeiros aqui domiciliados tem observado nosso País como uma Nação que perdeu o rumo (em todos os sentidos).
Na noite de ontem, 06 de julho, ao abrir a cerimônia do Festival de Cannes, o renomado cineasta, diretor, escritor e professor Spike Lee (Universidade de Nova Iorque), uma das vozes mais proeminentes da cultura contemporânea internacional não teve a menor cerimônia de classificar o papel do presidente Bolsonaro como o de um gângster. Na realidade ele mencionou, além do nome do nosso presidente, os nomes de Trump e Putin (da Rússia). O cineasta disse: “Jair Bolsonaro, Vladimir Putin e Donald Trump são “gângsters” e “temos que levantar a voz” contra eles”. Nunca alguém se referiu a um presidente do Brasil com termos tão depreciativos e isso decorre do modo de ser do senhor Bolsonaro, que traz em sua bagagem moral uma série de elementos que destoam flagrantemente da realidade. É lamentável… lamentável.
Por último, o presidente do Brasil insiste na tese de que não aceitará o resultado da próxima eleição presidencial se não houver o voto impresso. O homem cismou que esse tipo de voto, uma experiência arcaica em se tratando de contemporaneidade, é a única em que ele confia. Sem apresentar nenhuma prova, ele repete de forma quase insana que o voto eletrônico apresenta fraude. Diante de sua insistência foi desafiado pelo Tribunal Superior Eleitoral a mostrar acontecimentos onde ocorreram distorções que confirmem sua denúncia e até agora o presidente não trouxe nenhuma evidência. Ao contrário: ao ser indagado sobre o tema, semana passada, o presidente saiu-se com quatro pedras nas mãos e disse aos jornalistas que apresentaria provas no dia e na hora que quisesse e encerrou a entrevista com espuma no canto da boca. Suas aparições agora são apenas para desqualificar o ex-presidente Lula que, a julgar pelas pesquisas de 22 Institutos, tem a eleição de 2022 praticamente ganha (se for mantido esse cenário). O presidente Bolsonaro, efetivamente foi um erro na escolha política e hoje, cidadãos brasileiros de todos os quadrantes não tem mais dúvida que com o atual presidente é impossível qualquer coisa (ou ação) positiva para o Brasil e para o Povo Brasileiro. Se ele não cair antes, o pleito eleitoral o fará e não adianta ele chorar o leite derramado; o governo que ele faz é uma calamidade, ele é uma calamidade; o Brasil vive hoje uma calamidade. Defender Bolsonaro além de inútil é perigoso, compromete quem o defende, colocando seus defensores numa situação de imoralidade pactuada. Até breve e cordiai