Kátia Cairo | desatenção com a vida dos idosos

Foto: Divulgação | Kátia Cairo

Kátia Cairo | Musicoterapeuta

A qualidade de vida do idoso está muito longe de receber a merecida atenção. E os mais jovens precisam compreender a importância de ficarem alertas no sentido de preparar o próprio futuro para que possam vir a usufruir uma velhice digna, saudável e feliz. Jovens e velhos têm um preconceito enorme com relação à velhice, e é justamente essa a causa principal do isolamento, da solidão, do abandono e da exclusão. Esta questão deveria ser considerada seriamente na infância pois é preciso ensinar aos mais jovens o respeito a todos, à todas as pessoas sem exceção; há também as condutas preventivas que precisam ser observadas, não somente para que alcancem uma vida longa, próspera e saudável, mas para que possam vir a se sentir na velhice, natural e espontaneamente, incluídos na família e na sociedade. Continue a leitura.
Vale ressaltar que o respeito, a atenção e o cuidado que devem ser observados na convivência com os idosos não constituem especiais concessões e sim qualidades que precisam ser incorporadas desde a infância pois têm um papel preponderante na formação do caráter de cada um.

E como o exemplo é a melhor escola, essas noções, quando introjetadas, tendem a se repetir no futuro, de geração à geração!

Produções de natureza indubitavelmente infantil, apresentadas com certa frequência pelos idosos em eventos públicos, revelam, na maioria das vezes, um despreparo – provavelmente involuntário – na condução dessas iniciativas e, evidentemente, no atendimento aos cuidados básicos necessários aos idosos.

O preconceito é também responsável por algumas referências como “melhor idade” (melhor idade é a idade que cada um de nós tem hoje, seja jovem ou idoso).

E aqui faz-se necessário salientar que o idoso precisa descartar de vez a expressão usada no início de algumas frases: “No meu tempo…”
Esta referência sugere que ele já não se encontra incluído no presente, nos dias atuais e, de certa maneira, na própria vida.
Ele se exclui e ao mesmo tempo se sente excluído!

Ora, o tempo de cada um, jovem ou idoso, é “hoje”! É no “agora” que estamos todos vivendo!
Um exemplo claro e atual de exclusão pode ser constatado nas ações do estado e da sociedade com relação ao auxílio aos idosos durante a pandemia: mesmo constituindo parte de um grupo de alto risco, só lhes tem sido destinada a antecipação do décimo terceiro salário!
Chega a ser ofensivo!!
Esquecem-se que os aposentados do INSS têm tido grandes perdas salariais (sem que tenha havido as devidas correções) e não houve quem protestasse publicamente – nem durante a crise da covid-19, nem no período das discussões da reforma da previdência – ou seja, não houve quem reagisse minimamente em face da ausência absurda de cuidado e proteção!

Considerados como um fardo para a sociedade, os idosos fazem parte, de fato, do grupo dos esquecidos e excluídos!

Todos temos uma necessidade imperiosa de nos sentir “pertecentes” e a exigência de um isolamento ainda maior em função da pandemia, equivalente à uma prisão domiciliar – numa fase da vida em que sonharam desfrutar uma maneira de viver mais leve, sem tantos compromissos e obrigações – tem levado os idosos a sentir como se lhes tivessem cortado os laços afetivos e lhes subtraído tudo: costumes, valores, vivências, sentimentos, conceitos e conhecimentos – vidas zeradas! – sendo conduzidos agora, por imposição, a algo semelhante a um indesejável caminho desconhecido, sombrio e sem volta…sem projetos, sem futuro, sem sonhos, encantos e sem ilusões!…
É UMA VERGONHA O TRATAMENTO QUE TEM SIDO DISPENSADO AOS IDOSOS!!

O jovem constrói hoje, consciente ou não, o presente que vai viver no amanhã!

(Kátia Cairo – musicoterapeuta)

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente,

a opinião do BLOG DO ANDERSON


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