Diretamente do Complexo Penitenciário de Gericinó, antigo Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, onde está preso desde agosto deste ano, o ex-deputado ferderal Roberto Jefferson Monteiro Francisco disparou a metralhadora contra o presidente da República Brasileira Jair Messias Bolsonaro e seu filho ’01’, o senador Flávio Nantes Bolsonaro (Patriota-RJ). Em carta escrita na prisão, obtida pelo jornal “O Globo” nesta quarta-feira (27), o cacique do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) disse que os dois políticos se viciaram em dinheiro público, supostamente influenciados por membros do centrão, como Ciro Nogueira e Valdemar da Costa Neto. >>>>>>>
“O presidente tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Acreditou nas facilidades do dinheiro público. Esse vício é pior que o vício em êxtase. Quem faz sexo com êxtase tem o maior orgasmo ou ejaculação que o corpo humano de Deus pode proporcionar. Gozou com êxtase, para sempre dependente dele. Desfrutou do prazer decorrente do dinheiro público, ganho com facilidade, nunca mais se abdica desse gozo paroxístico que ele proporpciona. Bolsonaro cercou-se com viciados em êxtase com dinheiro público; Farias, Valdemar, Ciro Nogueira, não voltará aos trilhos da austeridade de comportamento. Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio“, afirmou Jefferson.
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) foi poupado das críticas. Na carta, o ex-deputado diz que pretende convidar o general para compor o PTB e disputar a presidência da República contra Bolsonaro nas Eleições 2022. “Vamos convidar o Mourão. O PTB terá candidatura própria”, disse o petebista. Jefferson, contudo, contou que não descarta apoiar o atual mandatário em um eventual segundo turno. “O PTB terá candidatura própria, quem sabe apoiamos o Bolsonaro no segundo turno. (…) Quem souber percorrer a terceira via, vencerá a eleição”, disse o fluminense. No documento, o cacique também defendeu o os atos antidemocráticos do 7 de setembro e disse que Bolsonaro “fraquejou” ao não atender às demandas dos manifestantes, que incluíam intervenção militar e fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF). “Todo o povo saiu às ruas para dizer, eu autorizo, não havia volta, não havia transigência com as velhas práticas. Mas por algum motivo, Bolsonaro fraquejou. Não teve como seguir. Escrevo isso insone. Não preguei meus olhos. Esse pensamento queimou minhas pestanas, não consegui fechar meus olhos e dormir. Vamos por nós mesmos” escreveu.
Pivô do escândalo do mensalão em 2005, Jefferson termina o texto com saudações religiosas. “Deus abençõe nossa gente. Deus proteja nosso Brasil. Deus é nossa força e vitória”.
Prisão
Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi preso preventivamente em 13 de agosto na casa dele no município Comendador Levy Gasparian, na região serrana do Rio de Janeiro, em uma operação da Polícia Federal (PF) realizada para cumprir uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ele é investigado por envolvimento milícias digitais que atuam contra democracia.
Além da prisão preventiva Moraes determinou ainda o bloqueio das redes sociais do ex-deputado – especificamente o Twitter, que, segundo o ministro é “necessário para a interrupção dos discursos criminosos de ódio e contrário às Instituições Democráticas e às eleições”.
Segundo o inquérito, em uma conversa obtida pela PF, o ex-deputado afirmou defender um “ato institucional”, nos moldes do AI-5, contra o STF. A fala teria sido endereçada ao empresário e militante bolsonarista Otávio Fakhoury.
Os investigadores também apuram se há relação entre os ataques a órgãos públicos com o chamado “gabinete do ódio”, que contaria com a suposta influência de filhos do presidente Jair Bolsonaro, e se os ataques eram supostamente financiados com dinheiro público.