Tragédia em Santa Maria | oito anos depois, Justiça vai se pronunciar sobre a Boate Kiss

Foto: Reprodução | Twitter

Esta semana, o Brasil vai começar a acompanhar um dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos. No banco dos réus, os acusados pelas mortes de 242 vítimas, a maioria, jovens universitários-, no incêndio da Boate Kiss, em janeiro de 2013. Depois de quase nove anos de espera e do indiciamento de 28 pessoas ao longo da investigação, o tribunal do júri vai decidir o destino dos denunciados pelo Ministério Público: os dois sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor cultural Luciano Bonilha, da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local na noite da tragédia. A partir desta quarta (1º), os quatro vão ser julgados por homicídio simples com dolo eventual de 242 vítimas, e tentativa de homicídio de outras 636 pessoas que ficaram feridas. De acordo com sobreviventes, a Kiss estava lotada, não tinha ventilação, e alguns extintores não funcionaram. A maioria das vítimas fatais foi asfixiada pela fumaça tóxica, mas muitos também foram pisoteados, porque, quando viram que o palco estava pegando fogo, os jovens entraram em desespero.

“Só eu e mais dois amigos sobrevivemos, sendo que eu fui o único que não fiquei internado, não tive nenhuma queimadura. Mas a culpa eu carrego até hoje, de achar que podia ter feito mais, de achar que podia ter olhado pra trás, porque tinha certeza que eles estavam comigo na hora da saída”, conta o psicólogo Gabriel Barros.

Os ambientes da boate foram reproduzidos em 3D pela Universidade Federal de Santa Maria – inclusive os banheiros, onde foram encontrados dezenas de corpos dos jovens que tentavam escapar do incêndio -, para que os jurados possam tentar entender o que aconteceu naquela noite.

Fantástico faz reprodução do ambiente da boate Kiss
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A defesa de um dos donos da Kiss, Elissandro Spohr, no entanto, pediu a impugnação da reprodução dessas imagens, que estão previstas para serem usadas pelo Ministério Público. Ao Fantástico, o empresário afirma que a boate não estava superlotada na noite da tragédia.

“Lotada pode ser. Superlotada é uma situação, que eu ia pelo conforto. A gente tinha um limite de 800 pessoas. Conforme chegava nas 800, só entrava quando alguém saía”, diz ele, negando que soubesse que a banda que se apresentava naquela noite faria um show pirotécnico: “Em nenhum momento foi falado sobre isso”.
No entanto, segundo a advogada do músico Marcelo Jesus dos Santos, a banda jamais utilizou um artefato sem que o contratante soubesse, e classificou a tragédia como uma fatalidade.

Assim como Elissandro, a defesa do outro dono da Kiss, Mauro Hoffmann, também negou que o local estivesse superlotado e declarou, em nota, que a boate era regular e a acusação por dolo eventual não se sustenta.Outro dos réus que falou à nossa equipe, o produtor cultural Luciano Bonilha, que comprou o artefato para o show pirotécnico, afirma que sua defesa será dizer a verdade. Ele afirma que, na hora da compra, o vendedor nunca lhe disse que ele não poderia ser usado em ambientes internos.


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