O tenista número um do mundo, Novak Djokovic, deixou a Austrália neste domingo (16) após a Justiça Federal rejeitar um recurso contra o cancelamento do seu visto. Depois da decisão, o atleta precisou sair do país, e ficou de fora do Aberto da Austrália, que começará nesta segunda-feira (17). Djokovic deixou o Território Australiano a bordo de um avião da Emirates Airlines com destino a Dubai, poucas horas depois da decisão do Tribunal. Segundo o juiz James Allsop, um dos três magistrados envolvidos no caso, o julgamento não se tratava sobre o mérito da decisão do ministro da Imigração, Alex Hawke, e sim sobre a legalidade de tal. A decisão foi unânime e as razões serão publicadas em data posterior, informou Allsop.
Os advogados do governo australiano argumentaram que a permanência de Djokovic no país estimulava a não vacinação contra a Covid-19, dizendo que o sérvio teve diversas chances de se imunizar. Deportado, o tenista não pode retornar à Austrália pelos próximos três anos, segundo as leis de imigração do país.
“Estou extremamente desapontado com a decisão do Tribunal de indeferir meu pedido de revisão judicial da decisão do Ministro de cancelar meu visto, o que significa que não posso permanecer na Austrália e participar do Aberto da Austrália”, disse Djokovic em um comunicado divulgado após a audiência.
O tenista informou que vai cooperar “com as autoridades competentes em relação à minha saída do país” e resolveu “tirar um tempo para descansar e me recuperar”.
Horas antes, o Aberto da Austrália divulgou o cronograma do primeiro dia de competição, com a partida entre Djokovic e o também sérvio Miomir Kecmanovic programada para acontecer na noite de segunda, na Arena Rod Laver. A organização do torneio substituiu o tenista por Salvatore Caruso após a decisão judicial.
O tenista chegou no tribunal para sua audiência na manhã deste domingo, após deixar o hotel de detenção para imigrantes. O sérvio retornou ao local após ter seu visto cancelado novamente pelo ministro de Imigração do país.
Cansado da situação
Documentos judiciais divulgados após uma audiência inicial no sábado (15) mostraram que Hawke justificou sua decisão com base em que a presença de Djokovic poderia estimular mais sentimentos anti-vacinação na Austrália em um momento em que o país está no meio de seu pior surto do vírus.
“Embora eu aceite que Djokovic represente um risco individual insignificante de transmitir Covid-19 para outras pessoas, ainda assim considero que sua presença pode ser um risco para a saúde da comunidade australiana”, disse Hawke em carta a Djokovic e sua equipe jurídica.
Os advogados de Djokovic disseram que argumentariam que a deportação só aumentaria o sentimento anti-vacina e seria uma ameaça à desordem e à saúde pública tanto quanto deixá-lo ficar.
A isenção médica de Djokovic dos requisitos de vacina para jogar no Aberto da Austrália provocou uma indignação generalizada no país, que passou por alguns dos bloqueios de Covid-19 mais difíceis do mundo e onde mais de 90% dos adultos são vacinados, mas onde as taxas de hospitalização continuam atingindo recordes.
A controvérsia sobre o tenista tornou-se um marco político para o primeiro-ministro Scott Morrison enquanto ele se prepara para uma eleição marcada para maio.
Seu governo ganhou apoio em casa por sua postura dura em relação à segurança das fronteiras durante a pandemia, mas enfrentou críticas por lidar com o pedido de visto de Djokovic.
Os principais rivais de Djokovic estão cada vez mais impacientes com a incerteza que paira sobre o sorteio e a nuvem que paira sobre seu esporte.
“Honestamente, estou um pouco cansado da situação porque acredito que é importante falar sobre nosso esporte, sobre o tênis”, disse Nadal a repórteres no Melbourne Park, onde o evento será disputado.
O alemão Alexander Zverev, número três do mundo, disse que Djokovic foi tratado injustamente e que o sérvio pode ter sido usado como peão político pelas autoridades australianas, algo que Canberra negou.
“Isso obviamente não é uma coisa boa para todos, especialmente para ele”, disse Zverev. “Mas não questione seu legado por causa disso.”
*Com informações da Reuters