Visibilidade Trans: o preconceito é o maior problema enfrentado também em Vitória da Conquista

Fotos: SECOM | PMVC

Neste sábado, 29 de janeiro, é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Trans no Brasil. A data tem o objetivo promover reflexões sobre a cidadania das pessoas travestis, transsexuais (homens e mulheres trans) e não-binárias (que não se reconhecem nem como homens nem como mulheres). A transfobia (aversão ou discriminação contra a população trans) é uma realidade cruel, que leva as pessoas trans a abandonarem os estudos e enfrentarem dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Além do próprio risco de vida. Essa aversão leva a morte todos os anos dezenas de travestis e transsexuais. Segundo o relatório da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) no ano passado ocorreram pelo menos 140 assassinatos de pessoas trans, sendo 135 travestis e mulheres transexuais, e cinco casos de homens trans e pessoas transmasculinas.

A Bahia ocupa o segundo lugar em número de assassinatos, com o registro de 13. Uma realidade que assusta e por isso é a pauta principal do Coletivo Finas, que atende mulheres trans e também do Coletivo Vagalume que atende ao público LGBTPQIA+. “O preconceito ainda é muito grande. Quando eu estava na universidade e comecei meu processo de transição eu sofri muito preconceito, o que me fez abandonar o curso. Foi muito difícil”, explica a servidora municipal Gisberta Kali. O preconceito está presente em todo lugar, na família, no trabalho, nos serviços públicos. Denise Ventura, que é professora da Secretaria de Educação lembra da dificuldade e do preconceito que ainda sofre. “Muitos ainda acham que a gente não pode fazer outro tipo de trabalho que não seja a prostituição. É muito difícil a nossa vida”, avalia Denise.

 

Esse preconceito traz consequências, pessoas trans tem quatro vezes mais sintomas depressivos, e maiores taxas de tentativa de suicídio (41%), comparadas com a população geral. Esses sintomas têm relação direta com a discriminação e violência sofridas durante a vida. Há relatos de que 35% das crianças e adolescentes trans sofrem violência física, e 12% sofrem violência sexual. Já Tieta Rodrigues, ao lembrar de todas as dificuldades que ela passou em sua vida, morando em várias cidades até chegar em Vitória da Conquista, diz que aqui ela foi bem acolhida. “Eu tenho Conquista como a minha cidade, já viajei muito e não fui bem aceita. Aqui eu encontrei respeito, eu ando em tudo que é lugar todos me respeitam”, declarou Tieta que acompanha junto com o Coletivo Finas cerca de 40 mulheres trans, oferecendo apoio e acolhimento. Segundo o coordenador de Políticas LGBT, José Mario Barbosa, o Governo Municipal em parceria com os coletivos vem realizando ações para que Vitória da Conquista seja uma cidade livre da LGBT fobia. “Nós temos realizado diversas ações. No ano passado fizemos capacitações para atendimento nas unidades de saúde e de assistência social do município e este ano vamos realizar ações mais diretas como o mutirão de retificação civil”, informou José Mário.


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