Os choros de pai e filho, moradores da pequena cidade de Caculé, no Centro Sul Baiano, têm emocionado milhares de brasileiros nas redes. Num momento em que o Brasil vive o luto de uma tragédia, como a de Petrópolis, e o mundo vive o temor de uma guerra, as lágrimas de felicidade de Sandro Lúcio Nascimento Rocha, de 21 anos, serviram para criar uma verdadeira corrente de esperança entre internautas. Ele compartilhou imagens em que conta para o pai, que trabalha na roça, ter passado no vestibular para Medicina, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Na gravação, o rapaz, chamado de Sandrão pelo amigo, adentra ansioso a lavoura onde o pai trabalhava com sua enxada. Acompanhado pelo autor das imagens, ele precisou ainda de um “empurrãozinho” para que, após avistar o pai, seguisse para o abraço de comemoração.
“O mais novo estudante de Medicina! Ele passou!”, diz o interlocutor, enquanto o homem parece não acreditar. Não demora para que os dois comecem a chorar copiosamente, enquanto se abraçam com força. A cena também emocionou os trabalhadores que estavam em volta. A simplicidade do pai resta mais evidenciada que nunca quando, após o breve momento, ele ainda chorando pega seu instrumento de trabalho novamente e volta a cultivar o solo. Nesta sexta-feira (25), Sandro escreveu sobre o momento, após saber sobre sua aprovação. Ele agradeceu à Deus, a seus professores, que o ajudaram a alcançar o objetivo, mas também falou sobre a base familiar, que se provou valiosa: o pai lavrador e a mãe, dona de casa. Sandrão, como os amigos chamam, passou para o curso desejado com 738,52 pontos.
A pontuação, bem acima da nota de corte da maioria dos cursos, foi suficiente para que ele conseguisse garantir o direito de matricular-se em Medicina na UFBA, no campus Vitória da Conquista, que fica a mais de 200 quilômetros de distância da cidade onde vive hoje. O rapaz, desde muito novo, sempre se mostrou estudioso, e aficionado por ciência. Em 2020, quando ainda estava na escola, com 17 anos, Sandro criou um projeto de economia de água potável utilizando materiais reciclados que foi destacado pelo Ministério da Educação (MEC). Pelo trabalho, ele tirou o segundo lugar na categoria Ensino Médio do Prêmio Jovem Cientista, criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, o estudante também é coordenador regional da Associação Brasileira de Incentivo à Ciência (ABRIC).