Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor
Alguém poderia até indagar o que um tem a ver com o outro. Tem tudo, e ainda poderia acrescentar a violência. Se a criança não tem educação, ela vai crescer pobre e viver de bicos e na informalidade pelo resto da vida. Será sempre um “Zé Ninguém” ou vivo-morto. Dificilmente, esse mercado irá absorvê-lo. A corrupção rouba o dinheiro que deveria ser aplicado na educação e, sem ela, vem a fome e a miséria que hoje assolam mais de 50 milhões de brasileiros. Leia na íntegra a opinião de Jeremias Macário de Oliveira.
Ouvi muitas vezes falarem que o Brasil necessitaria de 20 anos priorizando a educação, para o Brasil entrar na esfera do desenvolvimento sustentado, como fizeram outros países como a Coreia do Sul, Japão, Finlândia e outros tantos. Tivemos praticamente esse tempo nos governos do PT, e continuamos patinando e sendo uma vergonha nacional e internacional nos índices de reprovação escolar.
Para dizer a verdade, que poucos gostam de ouvir, nenhum governante colocou a educação em primeiro lugar, mas o populismo das cestas básicas do Bolsa Família. Comida no prato é essencial, mas se não vier com uma educação básica de qualidade para todos, a danada da fome vai permanecer a bater nas portas com sua caveira e foice da morte.
E a corrupção? Ela é a mais mortal e carrasca porque deixa um rastro de destruição na alma humana, mesmo que se tenha a educação como meta de investimento. Seu estrago pode ser detectado em todas as partes, como na falta de mais recursos para a saúde, o saneamento básico, a segurança e para realizar políticas públicas sociais.
O sujeito pode ter recebido um bom ensino, ser instruído e rico e ser um safado corrupto, caso do Brasil, cuja maldita vem lá de cima e contamina até as camadas mais pobres. Mas alguém poderia perguntar, por que isso acontece? Responderia que a atual educação do faz de conta e a formação familiar estão degeneradas e podres. Praticamente, todo cesto de frutas está bichado.
Como resultado de tudo isso de ruim e nojento, temos uma sociedade depravada e promíscua, passando de avós para país e de pais para filhos, com o um só intuito de se tirar proveito em tudo, não importando que isso vá gerar fome e mortes. As desigualdades sociais profundas são apenas consequências desse cenário de lento massacre humano, não tão perceptível como numa guerra onde as bombas esquartejam e fulminam corpos.
A negação da educação e a prática da corrupção poderiam levar seus responsáveis aos tribunais como réus considerados a crimes de guerra e pegarem, pelo menos, prisões perpétuas, mas isso no Brasil da impunidade é impensável e utópico. Então, sem educação e com a corrupção, infelizmente, só nos restam mais fome e uma infância perdida nas ruas. O populismo, seja de direita ou esquerda, só nos tem a oferecer um paliativo, como um analgésico que alivia a enxaqueca por algum tempo, mas não cura a doença.
É inconcebível viver num país onde esse quadro da falta de educação, da corrupção e da fome faz parte das nossas vidas e se transformou numa rotina como se fosse tudo normal. O pior de tudo isso é o silêncio dos “bons” e todos acharem que não têm culpa nessa desgraça. A imagem que passa, não somente lá fora, é que o Brasil é um caso perdido, e não me venham com essa de pessimista e espírito de derrotado.
Jamais uma ditadura, porque a situação só iria se agravar sem o mais precioso da vida que é a liberdade, essa que me faculta o direito de dizer o que estou escrevendo. No entanto, a verdade, é que estamos ainda bem longe de uma democracia ideal e desejada, quando convivemos ainda, lado a lado, com essa educação mambembe, com a corrupção e a fome que ceifa a vida de milhões, sem falar na estúpida violência que compete em superioridade com a morte natural.
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