Honraria de Reconhecimento Público | Edigar Mão Branca vai receber o Título de Cidadão Conquistense

Foto: BLOG DO ANDERSON

O forrozeiro Edigar Mão Branca, como é conhecido o ex-deputado federal Edigar Evangelista dos Anjos, vai receber o Título de Cidadão Conquistense. A honraria é de autoria do vereador Luís Carlos Batista de Oliveira, o Dudé. “O Título de Cidadão Conquistense é um reconhecimento de personalidades que colaboram com o progresso, que honram o nome de Vitória da Conquista, e o nosso amigo Edigar Mão Branca tem feito isso duarante toda a sua tragétória e vida como forrozeiro, poeta, cantador e político. Nasceu lá em Macarani e escolheu Vitória da Conquista para viver”, destacou Dudé ao BLOG DO ANDERSON na noite do domingo (26), quando Edigar Mão Branca se preparava para o grande espetaculo no Arraiá da Conquista, que aconteceu no Centro Cultural Glauber Rocha.

 

BIOGRAFIA EDIGAR MÃO BRANCA

Edigar Mão Branca é o nome de guerra de Edigar Evangelista dos Anjos, brasileiro, cantador, poeta, radialista e forrozeiro. Assumidamente um cabra de pé de serra, de vaquejada e tirada de leite, Edigar nasceu em 14 de janeiro de 1959, no Lodo das jegas, região da Mata Fria, distrito de Macarani na Bahia. Esse é o fi de seu Exupério e Dona Dalva que aos 5 (cinco) anos de idade já era espantalho de passarim, nos brejos de arrois lá na fazenda de Moura.
Dava pra ver o brilho nos olhos quando ele ouvia uma música no rádio de seu Iôiôzinho o único que possuía um aparelho de rádio naquela região. – “Depois pai comprou um, era um Motorádio onde a gente ouvia Zé Betio, Osvaldo Betio, Delmario é o espetáculo dentre outros”. Era um encanto que tinha por aquela situação festiva, pelos sanfoneiros, os cantadores, zabumbeiros, triangueiros e rezeiros. Olhar aquilo tudo sem medo, era sentir como se fosse um deles, um cantador. Um menino amante da vida, sonhando com a música como se já soubesse que um dia seria um forrozeiro, um poeta, um artista consagrado. Esse universo de coisas simples, puras e verdadeiras da cultura de nosso povo era o habitat de Edigar, foi aí que ele se formou um ser humano vivente, no dia a dia da terra de sua região, uma rotina comum, porém cheia de significado e, a sua alma de artista, captava a essência da poesia escondida na riqueza daqueles dias cheios de uma magia, um mistério que só ele via.

Filho de família agricultora, veio para a cidade Itapetinga pela primeira vez com apenas seis anos de idade trazido por sua tia, Dona Zita, que lhe conduziu à escola, da qual fugiu várias vezes, pra brincar no campo, tomar banho de rio, farras de ferra, festas de reisado, noitadas de forró, caçadas de tatu, esperas de macuco, mansas de brabos, etc. Lidas que hoje contribuem para a autenticidade do que canta o violeiro Edigar Mão Branca, nome-apelido que veio do vitiligo das mãos, mas ao contrário de Michael Jacson que aproveitou a doença para embranquecer de vez, Edigar utilizou para assumir uma identidade forte e original no meio artístico. Foi por aí que o menino Edigar foi crescendo e se tornando moleque travesso, depois rapaz, depois homem e durante toda essa trajetória foi se tornando cada vez mais artista.

Um dia, com seus 14 anos participou de um concurso de calouro promovido pela Mercearia Moderna e seu serviço de alto falante que cobria com suas bocas SEDANS boa parte do Bairro Camacã em Itapetinga, o apresentador era Valmir Silva (Calça boca de sino, camisa de volta ao mundo e o seu famoso kichute preto). Na verdade ele só queria cantar no microfone, porque há muito tempo ele só pensava nisso: “m i c r o f o n e” e, não contou dois tempos, correu, e foi cantar. (A música  era do finado Paulo Sérgio… Vou contar na cidade onde eu nasci…) Um menino simples cantando com toda alma uma música simples na frente de um microfone “m a r a v i l h o so”, sem vergonha, sem medo, sem timidez, não que ele tivesse essa coragem toda, mas foi o microfone que apagou a plateia e ele ficou sozinho com o seu mundo e o seu mundo agradou, resultado, ele ganhou o concurso, é claro. Pronto, foi
a conta, poderia se dizer que foi a última gota d’água do copo, do resto dos seus dias.

A partir daí a vida tomou outro rumo,a família grande, a tia Zita, o finado Tio Otavio, a escola, a descoberta do som do violão comprado escondido, e o menino rebelde, liberto de raízes, curioso e dono de um talento raro. Do boi nas parambeiras, das fofocas nas portas de venda, das farinhadas, agora era só saudade afogada no peão, na pipa, na ponga nos caminhões, a roubada na lona do circo, o jogo de gude, sem nunca esquecer o pé da serra, a caça às capivaras, tatus, pacas, o badoque de pereira que o vovô fazia, a água correndo rio abaixo, onde será que vai dar? Porque o peixe não voa e o passarinho não nada? Porque todo mundo não é feliz? Perguntas intrigantes na cabeça de um menino musical.
Edigar estava enchendo o seu baú cultural, onde a vida e o ar dos sertões se escondem, para depois aparecerem bem vivos em sua poesia.  memórias são o cimento de sua arte. Das montanhas verdes do Lôdo das Jegas pouco se ouvia falar e poucos artistas cantavam no rádio aquela lida que
lhe causava tanta saudade. Mas, custou pouco e o destino acabou lhe conduzindo ao encontro de mestres que lhe ajudaram a solidificar a certeza de que aquele viver era
realmente belo e de se orgulhar sempre de ter sido o que foi. Os mestres a quem se refere, são tantos que orgulham o Brasil e podemos citar alguns: Elomar Figueira Melo, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e tantos outros.

No meio desse caminho Edigar conheceu o Rádio, e atuou por dez anos na radiofonia, onde fez de tudo. Este foi um capítulo à parte, e outra vez o “m i c r o f o n e” lhe pregou uma peça. No microfone do calouro ele cantava para uma plateia, agora fala para uma região inteira, e gera índices de audiência pelas ondas do rádio.
Foi paixão à primeira vista. Começou há muito tempo e ainda hoje é sucesso, radialista famoso, contador de trovas e causos, cantador de folia e forró.

Primeiro o concurso de calouro depois o rádio e no entremeio de tudo isso muita música, muita musicalidade, muita inspiração e então o mundo se abriu para sua passagem.

Edigar se torna Edigar Mão Branca. A sua mão tornou-se sua marca. A mesma mão que toca o violão, que pega na enxada, que segura o boi, ao lado de sua performance nos palcos, formou-se a sua imagem.

Sua fama começou a correr frouxo e logo surge o seu 1º trabalho, que com a compreensão e colaboração das pessoas que acreditaram no seu talento veio a se  concretizar.


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