Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor
O Congresso Nacional se transformou no pior câncer do Brasil ou num vírus que já matou mais que a Covid-19, enquanto juristas de tendência política cravam suas garras no Supremo Tribunal Federal (STF) dizendo que a corte deu um golpe com suas sentenças ao interferir nos outros poderes, sobretudo no executivo. Não restam dúvidas que estão todos apodrecidos, mas o STF é apenas provocado e ainda procura defender a nossa frágil democracia de uma ditadura militar. Ainda é uma trincheira a favor de eleições livres. No entanto, o Congresso é o maior vilão, principalmente a partir do “Centrão” comprado por emendas escandalosas, enquanto mais de 50 milhões passam fome e ficam nas filas do osso e das peles de animais para fazer um escaldado para enganar o estômago. Continue a leitura.
CATAM LIXO NAS RUAS
Crianças aparecem raquíticas e desnutridas como nas cenas degradantes e desumanas em Biafra, Senegal, na Guiné, no Haiti e no Congo. Milhões de desempregado catam lixo nas ruas, e a polícia todos os dias joga jatos de água em moradores de rua e desloca as cracolândias para outras praças e avenidas. Vivemos um verdadeiro caos social, com matanças indiscriminadas pela violência e massacres de seres humanos. Lá fora, nós somos vistos com pena pelos estrangeiros.
Enquanto isso, por apoiar presidentes da Câmara, do Senado e o próprio capitão-presidente psicopata, deputados e senadores recebem polpudas emendas parlamentares secretas para aplicar em projetos escusos eleitoreiros. São 15, 20, 30 e 50 milhões que recebem quando ocorre uma votação de interesse particular para manter o poder, como a recente que aumenta o auxílio “emergencial”, como se isso fosse resolver o problema da miséria.
O próprio senador Marcos do Val, do Podemos, achou estranho ter sido aquinhoado com uma emenda de 50 milhões de reais para o estado do Espírito Santo. Até o próprio ficou estarrecido e foi perguntar o motivo. A resposta foi porque ele apoiou o Pacheco para ser eleito presidente do Senado. Mesmo sendo eleitos e com direito como os outros, alguns ficam com apenas 10 ou 15 milhões.
Por si só, essas emendas já são uma aberração, especialmente agora com um tal orçamento secreto. São verdadeiros vendilhões do templo, e ainda aparecem os cínicos e os caras de pau na televisão falando que estão trabalham pelo povo, pela causa social. O Congresso, meus senhores, é uma quadrilha organizada e, tanto a direita, a esquerda, a extrema e o centro se unem quando o negócio é saquear os cofres públicos ou aprovar leis eleitoreiras para que todo esse sistema permaneça como está.
Em outro país, de gente não submissa e indignada, que não aceita ser explorada, já teria ocorrido uma revolução ou invasão dos palácios imperiais, como aconteceu agora no Siri Lanka, na Ásia. Aqui, todos baixam a cabeça e ainda agradecem as migalhas que recebem, dando seu voto de misericórdia a esses malfeitores e salteadores. Temos uma massa manobrável sem nenhum nível crítico que foi construída e moldada ao longo da história desses 522 anos de corrupção e falta de educação.
Escrevo esse texto transbordando toda minha revolta quando em minha mente passa todos os dias esse quadro de terror em meu país, que muito gostaria que fosse outro, não com essa tirania social de milhões passando fome e amontoados em casebres fedorentos, sendo aos poucos exterminados. São, na verdade, milhões de mortos-vivos. São fantasmas!
Depois das eleições é comum ouvir de “cientistas políticos” e das próprias estatísticas feitas por agências de pesquisas que o Congresso, as assembleias e as câmaras de vereadores tiveram renovação de 50 e até 60%, mas tudo isso não passa de mais um engodo. Na verdade, são os velhos caciques que entregam o bastão do poder para seus filhos e parentes mais novos, que já carregam o DNA dos pais e avós, com os vícios das malandragens.
Depois de mamar por muitos e muitos anos e encher as burras de dinheiro, o pai, ou o avô, chama o filho ou o neto e simplesmente diz que vai dar 100, 200 ou 300 mil votos para eleger sua cria. Outras vezes o cara resolve subir para a Câmara Federal ou Senado e seus mesmos votos elegem seu herdeiro para uma assembleia estadual, como nos velhos tempos dos coronéis e oligarcas latifundiários.
Esse esquema anacrônico já perdura há séculos. Então, não existe nada de mudança, só ilusão para os olhos de quem não enxerga. A grande maioria dos brasileiros está cega, muda e surda; sofre de amnésia; continua a cometer os mesmos erros do passado porque não tem história; e a outra parte menor aproveita dessa cegueira para roubar e fazer suas falcatruas. Isso tem passado de geração em geração, mas essa galinha dos ovos de ouro um dia pode secar.
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