Tairone Porto | existem valores que são inegociáveis!

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Tairone Ferraz Porto | Advogado | @taironefporto

Desde a redemocratização do país, esse governo, por seu presidente, foi o único a exaltar Brilhante Ustra:  “pelo pavor de Dilma Rousseff, voto sim”. Essas foram algumas das palavras do presidente, na casa da democracia, e em cadeia nacional, na votação do impeachment, para gozo de uns e assombro de um mundo inteiro.  Antes da votação, perguntado se a então Presidenta sairia do governo, não pestanejou: “enfartada ou com câncer, tem de sair”.  Dilma foi torturada por Ustra, torturador, que além do pau-de-arara e choques elétricos, inseria madeira nos ânus e ratos vivos nas vaginas das suas torturadas. Então, como poderemos explicar para as memórias daqueles que habitaram corpos assassinados pela ditadura militar, que nos é possível apoiar e até mesmo idolatrar como a um mito, um defensor da tortura e da morte? Confira o artiro na íntegra.

Como, por exemplo, explicar aos torturados Estêvão, homem justo e cristão, que depois de ser torturado física e psicologicamente no cárcere, foi apedrejado até a morte, e a Jesus de Nazaré, que teve o corpo dilacerado por chibatadas, que foi cuspido, escarrado, espinhado, cortado, que teve a boca embebida com fel quando teve sede, que foi dependurado e pregado numa cruz para morrer bem devagarinho, LEN-TA-MEN-TE, que coadunamos com quem apoia abertamente a TORTURA?

Mas esse governo, por seu presidente, ainda vai mais longe, porque, afinal, para ele o “erro da ditadura foi ter torturado e NÃO MATADO”.
Esse governo, por seu presidente, como um mercador da morte, desdenhou das vacinas que poderiam ter ajudado a evitar o perecimento de milhares de vítimas da Covid, na maior crise sanitária dos últimos 100 anos. Afirmou não ser coveiro, imitou pessoas sufocadas pelo vírus e atrasou injustificadamente a campanha de vacinação e o saldo…

Ah, o saldo…

Bem, além de um exército de milhares de outros negacionistas das vacinas e da Ciência, também quase 700.000 (setecentos mil) cadáveres!
Não foi pouca coisa.

Foi mais, muito mais, 6 (seis) vezes mais do que mataram a “Little Boy” e a “Fat Man”, as duas bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki ao fim da 2a Guerra Mundial.

Quantas dessas vidas poderiam ter sido salvas não fossem o deboche e a irresponsabilidade?

Esse governo, por seu presidente, é contra os Direitos Humanos, sob a falsa premissa de que os “Direitos Humanos deveriam servir apenas aos “humanos direitos””, esquecendo-se ou fingindo esquecer de que neste planeta Terra apenas um único humano direito por aqui passou: Jesus, o nazareno. Todos os outros foram e são todos pecadores e têm ainda uma longa caminhada em direção à angelitude.

Tivéssemos nós a oportunidade de nos sentar à mesa com Madre Teresa, ou com Luther King, ou com Ghandi, ou com Dulce dos pobres, ou com Chico de Assis ou com o Xavier, e o assunto fosse Direitos Humanos, o que qualquer um deles nos diria?

Será que qualquer um deles daria razão ao presidente?

Esse governo, por seu presidente, senta, come e bebe todos os dias com vendilhões do templo e usa o nome de Deus em vão, marchando, ele próprio, falsamente para Jesus.

Esse governo, por seu presidente, afirmou que se há dois mil anos existissem armas de fogo, o Cristo teria se armado, desprezando, portanto, tudo que o jovem galileu ensinou no sermão da montanha, e desprezando também o exemplo que esse mesmo jovem galileu, que nos serve de mestre, modelo e guia, nos deu, quando Pedro, desembainhando a sua espada, dilacerou uma das orelhas de um soldado romano, na ocasião em que aquele Cordeiro de Deus estava sendo preso injustamente.

Esse governo, por seu presidente, aos risos e em tom de deboche, afirmou, para o mundo inteiro ver e ouvir, que iria “fuzilar” seus opositores, destilando e disseminando ódio.

Esse governo, por seu presidente, desrespeita e ataca a imprensa, os poderes constituídos, os homossexuais, os indígenas, os negros, os nordestinos e as mulheres, sempre que tem oportunidade, tudo, absolutamente tudo, à revelia do evangelho de Jesus.

E enquanto isso, muitos de nós, que juramos crer em um Deus, arquiteto do universo, e que prometemos combater a tirania, os preconceitos e os erros, seguimos calados, convenientemente calados, por vezes covardemente calados, infelizmente.

Esse governo, por seu presidente, como nunca antes, tem apoiado a truculência policial, que tem levado centenas de Amarildos aos túmulos.

Esse governo, por seu presidente, fomenta a destruição das matas e florestas em nome do progresso material, e nos púlpitos das Igrejas, onde se deveria reverenciar o amor, o perdão e a paz, distorce os ensinamentos de Jesus e faz “arminha com a mão”, numa demonstração de fé absolutamente cega, nada raciocinada, ovacionada e idolatrada por muitos que apenas “enxergam” somente o “salvador” que querem, mas que, em verdade, nada veem.

Esse governo, por seu presidente, não reconhece uma sentença injusta e dissemina todos os dias notícias falsas, visando a sua manutenção no poder. Ao mesmo tempo, impõe decretos de sigilo SECULAR aos seus desmandos e às suspeitas de corrupção que sopesam sobre os seu ombros, insuflando atos anti-democráticos e enxovalhando as instituições, com o apoio de milhares.

Esse presidente não foi somente um negacionista da Covid e da Ciência, ele também nega a existência da fome que mata e que tem assolado 33 milhões de brasileiros. Não enxerga sequer a barriga que dói nas portas das padarias por falta de um pedaço de pão!

Esse governo é facista e alguns dos seus já demonstraram publicamente até mesmo suas simpatias aos horrores do nazismo.
Não podemos nos calar, não podemos ser cúmplices, porque existem valores que são inegociáveis!

Não é fácil. É muito difícil, mas rememorando o rabi da Galileia, “não sejamos aquelas pessoas para as quais os ensinamentos do evangelho não são senão a letra morta que, semelhante à semente caída sobre a rocha, não produzem nenhum fruto”!

Interroguemos, pois, as nossas consciências sobre as nossas escolhas, e perguntemos a nós mesmos se as escolhas que faremos nessas eleições não violarão a lei de justiça.

Não é ódio. Não é desrespeito. Não é intolerância. Não é mistura de política com religião. Não é competição.

É apenas e tão somente a constatação de que, antes mesmo de votar, não podemos nos esquecer de que, se ainda não conseguimos amar uns aos outros como Jesus nos amou, temos, ao menos, de tentar cumprir o outro dever que nos foi confiado: “INSTRUÍ-VOS”…

Tairone Ferraz Porto, advogado

 

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