A Sala Principal do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima recebeu um público seleto para o retorno do Coletivo Poc aos palcos. Na noite do sábado (24), o grupo conectou sutilezas de uma clássica fábula da literatura infantojuvenil a experiências cotidianas vividas pelos membros do coletivo do interior da Bahia. Essa é a proposta do espetáculo “O Príncipe Feliz”. A peça estreou há três anos e logo depois foi selecionada para o 4º Festival de Teatro do Interior da Bahia. “O Príncipe Feliz” é baseado no conto de mesmo nome do escritor e dramaturgo Oscar Wilde, que narra a relação de afeto entre uma andorinha macho e a estátua de um príncipe angustiado com o sofrimento de seu povo.
Implicitamente, o texto faz menção à sexualidade do autor, que passou dois anos no cárcere após ser condenado por “comportamentos homossexuais”. As histórias de Wilde se entrelaçam às experiências do Coletivo Poc, na medida em que o grupo reconhece que a condenação da sociedade à diversidade sexual ainda é uma realidade. Para o ator Jonathan de Castro, a construção dos personagens é um reflexo das coisas que os artistas admiram e, principalmente, daquilo que os incomodam. “O que eles têm de nós são os corpos e a vontade de existir em um lugar melhor”, contou. Nas cenas, é possível observar um novo texto adaptado que realiza forte menção à infância dos integrantes do Poc, citando programas da TV Cultura, como o Castelo Rá-Tim-Bum, bem representado através de um novo cenário e figurino extravagantes, além de elementos da cidade de Vitória da Conquista, da cultura pop e do sagrado.
A peça contou com a presença dos atores Anderson Rosa e Rafael Brandão, trazendo novas possibilidades cênicas, ao lado de Jonathan de Castro e Luís André, ambos da primeira montagem. Além de um trabalho colaborativo na produção, contando com nomes como Afonso Ribas, Malu Araújo, Letícia Soares e John Ferraz. Com direção de Felipe Bonfim, a nova montagem do espetáculo “O Príncipe Feliz” vai aos palcos, após um período tão conturbado em que os teatros estavam fechados por conta da pandemia, mostrando a potência e qualidade nos trabalhos dos grupos independentes do interior da Bahia conduzidos pela juventude.