Jeremias Macário | é a extrema invadindo o brasil

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Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor

Não sou nenhum profeta, cientista político, sociólogo, historiador ou coisa assim, mas há anos, por mais de dez, venho dizendo que a extrema direita ia invadir o Brasil, principalmente quando começou a crescer a participação dos conservadores evangélicos em pleitos políticos.  Não somente isso, mas o cenário assim se apresentava quando o PT começou a se desviar de seus princípios e se aliar à grande elite burguesa. Outro fator foi o crescimento contínuo das bancadas conservadoras no Congresso Nacional, sem contar que o nosso povo traz em sua história cultural um DNA do atraso. Sobre o resultado das eleições, o professor de história e cientista político, Chico Carlos, fez uma previsão sombria do que vai acontecer a curto prazo no Brasil. Disse ele que em todo seu tempo de ofício nunca esperava um avanço tão acelerado da barbárie. Confira a opinião de Jeremias Macário.

Em seu ponto de vista, não se trata de mudar o povo, mas transformá-lo através do investimento na educação. “Mais violento são os anos de fascismo que se abaterão sobre o Brasil. As florestas e os biomas Amazonas e Pantanal serão destruídos”.

Ele prossegue afirmando que os índios serão abandonados e depois declarados extintos pelo Bolsonaro. A cultura irá se transformar em programas de auditórios pelos cruéis conservadores, e as universidades em escolas para disseminar a ideologia do fascismo.

É muito triste desenhar esse quadro, mas é a verdade. Alguém do PSOL comentou que essa situação é uma tragédia e que a direita se enraizou em todos estados. As eleições acabaram de comprovar essa catástrofe a começar pelo número de senadores e governadores eleitos. O Bozó segue forte para o segundo turno.

Em minha humilde opinião, ficou registrado que aquele ódio de 2018 contra o PT ainda persiste. O partido se mantém em seu orgulho prepotente de não pedir desculpas pelos erros do passado. Nas majoritárias não aceita ser vice numa chapa. Quase ninguém entrou nessa campanha olhando o bem do Brasil, mas apenas com sede no poder, como se os meios justificassem o fim.

O Geraldo Alkmin, vice de Lula, não transferiu votos como se imaginava. Ao contrário, milhares de seus eleitores migraram para o Bozó. Em São Paulo, o Haddad é tão pesado junto ao eleitorado que ficou atrás do candidato do capitão-presidente, enquanto o Boulos, do PSOL, que deveria ser o nome a disputar o governo, conseguiu mais de um milhão de votos para o Senado.

Os quadros do PT estão ficando enferrujados e, mesmo assim, não faz um acordo onde não seja o cabeça de chapa. Além do mais, esqueceu suas bases populares e suas origens quando foi fundado. Passou do tempo de outros partidos da esquerda se unirem com um discurso sério e ações firmes de coerência ideológica que ficaram lá atrás. Como resgatar a confiança, sem dividir?

É angustiante ver essa extrema negacionista, arcaica, medieval, fascista e nazista avançar em nosso território. Por que tudo isso está ocorrendo? É hora de refletir, analisar, reconhecer os erros e tomar outras atitudes.

Temos hoje um Brasil cada vez mais inculto e com uma população ainda mais fácil de ser manipulada. Não dá para entender como um maluco psicopata, totalmente apagado como parlamentar, com ideias fascistas e totalitárias, sai da Câmara e faz todo esse estrago.

Lamentavelmente, o nosso país já está praticamente nas mãos desses extremistas. Vamos ter mais quatro anos de inferno? Esse segundo turno é incerto e tudo depende das alianças dos eleitores de Simone e Ciro, o qual está muito ressentido.

Essa polarização serviu mais ainda para dividir a nação com dois projetos bem opostos. Muita gente acreditou numa vitória no primeiro turno. Uns chegam a falar que o povo não acorda, mas, na verdade é produto desse sistema que eles (políticos) e nós mesmo criamos.

Mesmo com tanta desgraça em vários aspectos da vida brasileira, como depredação do meio ambiente (desmantelamento dos órgãos de fiscalização e liberação para derrubar floresta e grilar), invasão de terras indígenas pelos garimpeiros, discriminação racial e de gênero, misoginia, raiva contra jornalistas, relações péssimas no exterior, apoios a uma ditadura e tantos outros absurdos, o capitão conseguiu 45% dos votos.

Ser socialista sempre foi uma tarefa difícil, principalmente quando se está numa democracia burguesa onde elege Damares, Mourão, Marcos Pontes, Sérgio Mouro e tantos outros do mesmo naipe. Está na hora de toda esquerda fazer uma revisão, ser mais coerente e conquistar a confiança perdida do povo.

 

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