Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor
Eles querem mesmo é provocar o caos político e social, a baderna generalizada e tumultuar a nação para pressionar as forças armadas a entrarem na deles, sob o argumento de manter a ordem constitucional, como prevê a Carta Magna. No entanto, os comandantes generais de bom senso não vão embarcar nessa canoa furada golpista extremista, com gente até de linha nazista. Engana quem ainda acha que o capitão-presidente não esteja por trás desses movimentos de malucos junto com a turma do agronegócio e outros empresários financiadores. Por que ele ficou dois dias em silêncio sem fazer um pronunciamento sobre o resultado das eleições? Claro que estava sondando a possibilidade de um golpe. Leia na íntegra.
Quando decidiu falar, foi ambíguo, não pronunciou o nome do eleito, mas reforçou seu falso bordão de pátria, liberdade e família. Com os caminhoneiros bloqueando as estradas, pediu para que liberassem as vias, mas repetiu que as manifestações eram legítimas. Isso ecoou como incitamento. Interessante que a mídia deu uma aliviada e não colocou essa frase em discussão! Por qual motivo? É tudo muito estranho! Por que ele foi cumprimentar o Geraldo Alkmin?
Tudo isso ficou bem claro quando as lideranças dos manifestos escolheram realizar seus atos golpistas em frente dos quarteis das três forças (exército, marinha e aeronáutica), dos batalhões das polícias militares, dos Tiros de Guerra, Infantarias e outras unidades armadas.
Mesmo tendo votado no bolsonarismo, milhares ingressaram nessa onda de forma inconsciente e se misturaram aos inconsequentes de extrema direita, inclusive nazistas que defendem a supremacia da raça em nome do patriotismo, enrolados na bandeira brasileira com as camisas verde e amarela da seleção de futebol.
São os chamados inocentes úteis que não têm a consciência exata do que pode acontecer se houver uma intervenção militar, ou seja, uma ditadura. Será que todos têm a justa noção de que estão ali para sentenciar a democracia ao enforcamento? Eles sabem que a história vai julgar eles como carrascos a mando dos inquisidores?
Na verdade, boa parte dos participantes não comunga das ideias nazifascistas, como em Santa Catarina, das atitudes homofóbicas e racistas, nem nega a ciência e debocha da vida. São, inclusive, contrários à barbárie, ao fanatismo evangélico e aos xingamentos do capitão.
Eles falam de 1964 quando o povo, a classe média e até a Igreja Católica foram às ruas pedir uma intervenção militar que resultou numa ditadura de cerca de 30 anos. Naquela época, o inimigo era o comunismo.
A situação hoje é totalmente diferente e as instituições e a maioria do povo lutam pela democracia. O clima externo é outro. Por essas e outras é que as forças armadas não vão entrar nessa furada golpista que seria um tiro no próprio pé. Seria mais uma grande desastre para a imagem da corporação.
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