Ruy Medeiros | o relatório e as urnas

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Ruy Medeiros

Não resta dúvida para muitos que um grupo de militares, sob influência do atual Presidente da República, desejou tutelar as eleições imediatamente passadas. Desejo de reeditar umas das tantas intervenções no governo da República? A resposta é sim para muitos e há chamado construído nesse sentido com aglomerações na porta dos quarteis e TGs. O grupo armado, via Ministério da Defesa, inicialmente entregou ao Presidente (depois disse que não) relato após primeiro turno eleitoral sobre a confiabilidade dos resultados eleitorais. Provocados pelo TSE, os responsáveis pelo relato disseram que o entregariam quando da verificação conjunta do 2º turno. Ontem à tarde entregaram o relato para concluir: não houve fraude, mas que é possível maliciosamente alterar o voto. Tiveram, com vários técnicos convidados a oportunidade de adentrar o âmago da urna eletrônica e fazer ensaios, inclusive de alteração do voto consignado pelo eleitor. Não conseguiram. Simularam situações, não conseguiram fraudar. Leia na íntegra.

Para desapontamento das vivandeiras de quarteis, dentre outras que acreditaram pia, ou fanaticamente, em “eleições roubadas”, o relato foi um fiasco e é mesmo de esperar que oficias das F.A. cobrem dos relatores explicação pela vergonha. Alguns ainda teimam em manifestações golpistas. Melhor seria, para cultivo de inteligência, ou substituição do absurdo pela serenidade, que examinassem com muito cuidado os números deixados pelas eleições a fim de se conscientizarem da magnitude da derrota de seu capitão. Em momento marcado por forte aceitação de embustes e onda conservadora, além da indignação contra malversação de recursos, o Capitão Presidente, nas eleições anteriores às últimas teve 57.797.847 votos. Quatro anos depois, quase completados, com forte uso da máquina da administração, só conseguiu agrupar mais 408.507 votos àqueles que teve antes. Isso tem o significado de acachapante derrota. Foi o único Presidente candidato não reeleito. Mas os golpistas deveriam dizer se estão igualmente sob suspeição as eleições dos governadores de São Paulo, Santa Catarina, Acre, Mato Grosso do Sul, etc, do grupo do Capitão reformado. Foi o mesmo tipo de urna; salvo raríssimas exceções, os mesmos mesários, juízes e fiscais, E os senadores e deputados do PL, por exemplo? Têm eleição sob suspeição? A coerência pede resposta. Verifiquem a dimensão da derrota: Bolsonaro, em relação às eleições de 2018, obteve 57.797,847 votos, nas eleições de 2022 obteve 58.206.354 votos, isto é, acréscimo de 408.507 votos, apesar do crescimento do número de eleitores e dos métodos de que ele e correligionários utilizaram para ganhar o pleito a qualquer custo.

 

Ruy Hermann Araújo Medeiros

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