Elton Quadros | 30 anos do Janela Indiscreta

Foto: BLOG DO ANDERSON

Elton Moreira Quadros | professor da UESB

1992 foi um ano marcante para a história da humanidade. Vários tratados de paz foram assinados nesse ano, houve a eleição de Bill Clinton nos EUA e a ascensão de Yeltsin ao topo da Federação Russa, ocorreu a Olimpíada de Barcelona e a renúncia de Collor do governo brasileiro. Foi o ano de morte de importantes e diversas personalidades, como Irmã Dulce, Isaac Asimov e Jânio Quadros, e também do trágico e triste assassinato da atriz Daniela Perez, entre tantos outros fatos de maior ou menor relevo. Não alheio a tudo isso, mas com outros muitos quereres, desejos e expectativas no horizonte, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), no antigo Ditora, algumas pessoas estavam gestando a concretização de um sonho de um Cineclube numa cidade com histórico de cineclubes e de realizações e realizadores no cinema. Continue a leitura.

Enfrentando os desafios de propor o novo, mas com a gana muito maior que as dificuldades, uma janela para além de indiscreta foi aberta e, no dia 27 de novembro de 1992, teve início o Cineclube Janela Indiscreta no antigo auditório da UESB (onde hoje funciona o Salão do Júri).

Como primeira sessão, o filme de Alfred Hitchcock Janela Indiscreta, que deu o nome e o tom dessa aventura cinéfila e existencial na vida de muitas pessoas.

Nesse dia, abriu-se um novo período e uma nova forma de ver e conversar sobre cinema em Vitória da Conquista e, não seria exagerado dizer, na região sudoeste da Bahia ou mesmo no Brasil, com as ações que o “Janela”, para os íntimos, realizou ao longo desses 30 anos de existência e resistência.
Um projeto da UESB que ultrapassa o tempo e fronteiras e que expõe a vitalidade de uma equipe que, desde a origem, sempre militou – com paixão – pela causa do cinema e da cultura. Jorge Luiz Melquisedeque, Esmon Primo, Sabiá, Tchelos, Roni, Milene Gusmão, Raquel Costa, Euclides Mendes, Rayssa Coelho, Anderson Rosa e tantos outros, que estavam na origem, passaram e continuam o Janela nesses 30 anos, são a evidência de que a paixão inicial continua reverberando ainda hoje e, se tivermos sorte, ainda há de continuar por muito anos.

Eu, que fui um grande beneficiário desse projeto desde o seu início, adolescente que era naquele dia 27 de novembro de 1992, acalento a ideia de que, daqui a 100, 300, 800, quiçá, 1000 anos, teremos novas festas de aniversário do Janela e, com isso, sinto uma tremenda alegria ao saber que o cinema e a cultura ainda terão espaço nesse planeta, nesse país e nessa cidade.

Vida longa ao Janela Indiscreta!

 

Elton Moreira Quadros
Professor do Curso de Filosofia da UESB


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