Jorge Maia | Professor e Advogado
Eu era menino, e não faz muito tempo, morava na rua Barra do Choça, hoje Rua Leonídio Oliveira. Não havia calçamento e nem asfalto. A água da chuva trazia muita areia o que tornava o nosso campo de futebol muito pesado para correr com a bola. Era um tempo de inocência e não tínhamos boletos para pagar. A Receita Federal não sabia da nossa existência e o único investimento que fazia era o lançamento de olhares insinuantes, com poucos resultados, para as meninas da escola. Confira a nova crônica de Jorge Maia.
Eu tinha uma agenda a cumprir; antes do meio dia levava a marmita para o meu pai, em sua loja de ferragens. Enquanto ele almoçava eu atendia os clientes, fui um bom vendedor. Em seguida voltava às pressas para chegar à escola as treze horas. Era um tempo corrido e eu gostava, pois no percurso, ida e volta, eu viajava na imaginação. Um meio de transporte muito barato, mas fascinante e que deixava a vida mais mansa.
As idas e as vindas eram permeadas de muita curiosidade, pois entre a minha a casa e o comercio do meu pai, na Praça da Bandeira, havia uma rua chamada de rua das sete casas. Para mim era curioso, pois havia mais que sete casas, hoje rua Lions Clube. Era um roteiro repetitivo, poderia fazê-lo de olhos fechados. Já era uma rua um tanto antiga, suas casas, enormes, já traziam uma variação de estilo entre o novo e algo colonial.
No sentido de quem subia a rua, à direta era um casarão substituído por uma prédio residencial no qual passou a residir o sr. “Luquinha”. Mais acima era a residência do sr. Pacífico Ribeiro. Era uma casa com o pé direito muito alto e a sua porta de entrada era estreita e muito alta, o que me impressionava. Meu pai falava uma curiosidade sobre o sr. Pacífico, que vivia às turras com o seu melhor amigo, não me lembro o nome, por causa de política partidára, mas era inseparáveis. Bons tempos. Em frente a casa do sr. Pacífico era a residência do sr. Ló, que trabalhou na CIFER e tornou-se o primeiro corretor de imóveis da cidade. Figura alegre e fazedor de amigos.
Continuado com a subida pela rua, vamos encontrar a casa do sr. Claudionor. Me lembro do seu caminhão sempre estacionado na frente da casa. Era um trabalhador incansável e com a sua partida, o seu filho “ Dininho” passou a dirigir o veículo e a cuidar da família. A casa em que moravam era aquilo que chamávamos de “funcional” era moderna para a época e hoje foi transformada no prédio em que funciona a Secretaria de Saúde do município.
Seguindo o roteiro, a casa do sr, Zeira, que demolida e reconstruída em estilo moderno, é atualmente o imóvel que que funciona a nossa Subsecção da OAB, uma nova construção e antecedia a dois outros imóveis: a residência de “Domingão” pai de Lon e Cita. O pai foi vogal da Junta de Conciliação em nossa cidade e onde Cita trabalhou posteriormente na condição de serventuária. Era uma casa com um muro baixo, a cidade era segura, que permitia ver casa: larga, enorme e bonita, hoje o prédio da SEFAZ, vizinha do Colégio Barão de Macaúbas, onde hoje é o Fórum João Mangabeira.
A rua mudou a sua face, mudaram os moradores. Já não é residencial, tudo mudou, até o nome. Em minhas memórias permanecem aquelas informações e o sentimento de pertencimento de um tempo que não pretendo reconstruir, mas apenas registrar para que outros saibam um pouco sobre a rua das sete casas. VC241222