Jorge Maia | Professor e Advogado
Eu era menino, e não faz muito tempo, quando cheguei de Aracatu para morar em Conquista. Fui morar inicialmente no Bairro do Alto Maron. Morei em duas casas naquele bairro. Estudei em escola que funcionava no local em que depois foi transformada em Delegacia e cadeia pública, na praça Sá Barreto. Isso me chocou, já adulto, ver um prédio escolar ser transformado em cadeia. Inicialmente morei na rua Oito de Maio, em seguida na rua Joaquim Fróes, bem próximas. Eu ia buscar leite na rua Dois de Janeiro, na casa de Dona Julieta e Erotildes, vinhos da até à praça do Alton Maron. Para uma criança era um lugar muito extenso. A praça era uma enormidade. Não havia mão, nem contramão e toda a praça era passagem para gente e carro. Sem calçamento, sem jardim e sem bancos para sentar. Leia na íntegra.
Na época da eleição eram realizados comícios e aos domingos era o campo de futebol dos moradores. Ali também assisti ao “alegria nos bairros” era um show apresentado por Jota Menezes, promovido pela rádio clube de conquista com a apresentação de valores da terra.
O sobrado de Nestor, uma construção emblemática, já na proximidade da serra, era um lugar misterioso que desafiava a minha imaginação. Pra mim havia ali uma aura de mistério, sem que eu tivesse motivo para explicar, coisa de menino.
Sempre foi um bairro tranquilo. Os moradores se conheciam de longas datas e todos se identificavam como sendo filho de A ou B. O alto maron sempre foi modesto em suas aspirações. Nunca foi exigente em melhorias de serviços públicos e as diversas administrações do município relegou aquela comunidade a um segundo ou terceiro plano.
Tive uma infância tranquila por ali e mesmo depois de haver mudado para outro bairro, ali continuei a estudar. Sim, na rua Dois de Janeiro, na escola de Professora Nair, mãe de Silvio e Vânia (cuidado com a minha memória), a qual às vezes substitua a mãe em sala de aula e onde eu fui alfabetizado. Não sei dizer se era uma escola municipal. Era um prédio improvisado, um tanto maltratado, mas que compõe o acervo da minha memória.
Embora seja um bairro situado na proximidade do centro da cidade, o alto maron não recebeu os benefícios decorrentes da sua localização. Em simples observação; não encontramos ali a realização de obras públicas para a sua valorização. A sua praça, um espaço considerável, é desprovida de urbanização mais rica em equipamentos comunitários para o conforto daquela comunidade.
O bairro é grande em sua dimensão e é rico em histórias. Muitas figuras populares ali viveram. Penso que é preciso resgatar as memórias ali plantadas por tanta gente trabalhadora e testemunha da história do bairro e da cidade e é por esse e outras tantas razões que defendo a instalação de órgãos públicos e instituições privadas no alto maron, para valorizá-lo, permitindo compensar tantos anos de espera por um milagre por um bairro melhor. VC24122022.