O Ministério da Saúde oficializou Janeiro como o Mês de Combate e Prevenção à Hanseníase, doença que compromete a pele e os nervos, a força e a sensibilidade. É uma das enfermidades mais antigas, denominada por muito tempo como lepra, e que ainda hoje é tratada com muitos estigmas e preconceitos em relação aos doentes. Para conscientizar e informar a sociedade sobre o tema, a Coordenação da Vigilância Epidemiológica (VIEP) e do Centro Municipal de Pneumologia e Dermatologia Sanitária (CMPDS), serviço de referência para pacientes com diagnóstico de Tuberculose e Hanseníase, ampliou as ações de sensibilização para o diagnóstico e divulgação. Nos últimos sete anos em Vitória da Conquista foram diagnosticados 366 novos casos de Hanseníase, aproximadamente 45.75 casos por ano. Como doença infectocontagiosa, a Vigilância da Hanseníase é realizada pela identificação do caso novo e dos seus contatos, pois esses também podem estar adoecidos. Desde o início da Pandemia de Coronavírus, o número de diagnósticos diminuiu, principalmente porque os pacientes têm buscado o serviço em estágio mais avançado da doença.
“Isso significa que estamos fazendo poucos diagnósticos na fase inicial. A gente precisa da ajuda de todos e hoje o que falta é pensar que a doença ainda existe, porque tem muitos pacientes que tratam como alergia ou fungo e demoram muito para chegar até o serviço”, explicou a dermatologista do CMPDS, Crysthiane Fernanda Valera. A mobilização, que teve início esse mês e continuará ao longo do ano, busca orientar toda a rede de saúde, principalmente a Atenção Primária em Saúde (APS), para organizar suas ações educativas nos territórios, além de promover capacitações e ações integradas voltadas para os profissionais de saúde. “A função dessa campanha é mostrar para toda a rede de saúde do município e para a população que nós estamos aqui atendendo diariamente. Teve suspeita clínica da doença? É só buscar diretamente o Centro Municipal de Pneumologia e Dermatologia Sanitária”, complementou a coordenadora da VIEP, Amanda Maria Lima.
A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica (muito longa) causada pelo Mycobacterium leprae, microorganismo que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo. A transmissão acontece pela respiração, por meio de gotículas expelidas pelo nariz ou saliva de uma pessoa doente, sem tratamento. “A transmissão só vai ocorrer por meio de contato íntimo e prolongado. O que seria isso? Você teria que conviver diariamente com a pessoa doente, não é por um aperto de mão, um abraço, isso não vai transmitir a doença”, esclareceu a dermatologista. Os principais sintomas são o aparecimento de manchas na pele, que podem ser vermelhas, brancas ou amarronzadas, e os pelos dessa região normalmente caem. “Essas manchas são fixas e não somem, mesmo fazendo tratamento com antialérgicos, pomadas, não têm melhora do quadro. Com o passar da evolução da doença, vai se perdendo a sensibilidade no local. Quando, por exemplo, a pessoa se queima e não sente, já é uma hanseníase tardia”, afirmou a dermatologista Crysthiane. >>>>
O diagnóstico é clínico e somente em alguns casos é necessário fazer uma biopsia ou baciloscopia. A hanseníase tem cura e o tratamento é disponibilizado, gratuitamente e exclusivamente, pelo SUS e o tempo de tratamento varia de seis meses a um ano. Tão logo seja iniciado o tratamento, a doença deixa de ser transmissível. Por isso é importante diagnosticar a doença logo no início.
Quando não tratada, a doença pode evoluir para a perda de sensibilidade nas mãos e nos pés, dificuldade de caminhar e realizar atividades básicas diárias, como se alimentar, tomar banho sozinho, além disso pode ter alterações na visão, no olfato e no paladar.
O CCMPDS oferece assistência necessária aos pacientes diagnosticados com hanseníase e funciona de segunda a sexta-feira de 7 às 12 horas, na Praça João Gonçalves, no antigo Posto de Saúde Régis Pacheco.