As tradições da pomba, da pemba, da fé e da festa foram exaltadas no bairro da Liberdade, em Salvador. A saída do Bloco Ilê Aiyê da Ladeira do Curuzu se repetiu, no fim da noite deste sábado (18) de Carnaval, com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, do vice-governador Geraldo Júnior, de baianos, turistas, autoridades e famosos.
O governador comentou que já teve a oportunidade de acompanhar a saída do Ilê em outras oportunidades como cidadão, militante e como folião. “Mas este ano tem um significado importante, por estar governando a Bahia ao lado do meu povo, vendo as histórias e a resistência que o Ilê Aiyê vem representando para o povo negro”. Ele também disse que poder participar de rituais como este renovam as forças de todos. “Para nós é uma satisfação poder subir essa ladeira a pé e ver o marco que as pessoas que moram nesse canto da cidade mostram em cada Carnaval. Por mais difícil que seja o ano, com dificuldade de emprego, com a perda de pessoas amadas, ainda temos força para celebrar o Carnaval”, complementou Jerônimo.
Segundo o presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, a celebração acontece desde a fundação do bloco, em 1975, com o ritual religioso e o desfile da Deusa de Ébano, este ano representada por Dalila Santos. “E a cada ano a gente vem crescendo e se tornando referência, um espetáculo à parte. Para isso, nós contamos com o apoio do Governo do Estado, através do Ouro Negro e da Bahia Gás”, pontuo.
Vovô também comentou o tema escolhido para a festa esse ano. “Nós estamos homenageando o centenário de Agostinho Neto, um grande herói da revolução de Angola. Ele foi guerrilheiro, pegou em armas, e depois se tornou o primeiro presidente daquele país. Era poeta, professor e defensor das mulheres”.
Entre os famosos presentes, o jornalista Zeca Camargo disse que este ano teve a oportunidade de cobrir pela primeira vez o Carnaval de Salvador. “Não é a primeira vez que venho à cidade, mas no Carnaval eu nunca tinha vindo. E assistir a saída do Ilê é maravilhoso. Essa energia que a gente sente aqui é diferente, é muito maior do que a gente costuma ver pela televisão”, garantiu.
*Ouro Negro*
O Secretário da Cultura, Bruno Monteiro informou que o governador está em diálogo com ele e com a titular da pasta da Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, Ângela Guimarães, para expandirem as ações do Ouro Negro para além do Carnaval.
“A gente entende que essas agremiações, essas manifestações, elas não fazem só Carnaval, elas fazem cultura e é cultura o ano todo. Então estamos comprometidos para logo após o Carnaval, nós estudarmos uma forma de ampliação do Ouro Negro para um financiamento e apoio às entidades ao longo do ano todo, seja com recursos próprios do Estado (como é feito), seja como patrocínios, seja com apoios de editais, de estatais, de bancos, enfim, a gente quer uma política que seja permanente de valorização dessas organizações porque elas têm um caráter pedagógico não-institucionalizado de discussão sobre a questão do racismo e de valorização da nossa cultura ancestral”. Ainda conforme Bruno, o tema já foi tratado com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, em sua última visita a Salvador e será aprofundado em agenda futura.